Um produto ideológico faz parte de uma realidade (natural ou social ) como todo o corpo físico, instrumento de produção ou produto de consumo; mas, ao contrário destes, ele também reflete e retrata uma realidade, que lhe é exterior. Tudo o que é ideológico possui um significado e remete a algo situado fora de si mesmo. Em outros termos, tudo o que é ideológico é um signo. Sem signos não existe ideologia
(Mikhail Bakhtin, Marxismo e Filosofia de Linguagem)
Alguns comentários sobre o meio e a mensagem na internet.

sexta-feira, 4 de maio de 2018

Brazil - Do Quilombo ao Campo de Concentração Urbano

Desigualdade Levará À ‘Barbárie’ No Longo Prazo, Alerta Historiador



Crise, que crise? O número de bilionários brasileiros aumentou quase 40% em 2017 na comparação com 2016, aponta a ONG britânica Oxfam. Em relatório publicado nesta semana, a organização divulgou informações sobre a desigualdade global.

Segundo a Oxfam, a cada dia de 2017 um novo bilionário surgia e 82% de toda a riqueza gerada no ano passado ficou nas mãos do 1% mais rico e nada ficou com os 50% mais pobres.

Ao todo, existem hoje no mundo todo 2.043 bilionários e 90% deles são homens. No Brasil, esta classe de ultrarricos conta com 43 pessoas (em 2016, eram 31).

Outro ponto destacado pela Oxfam é que as mulheres fornecem, anualmente, US$ 10 trilhões em cuidados não remunerados para sustentar a economia global.

A publicação utiliza como base a lista de bilionários da revista Forbes e do banco Credit Suisse.

A Sputnik Brasil conversou com Rafael Araújo, professor de história e de relações internacionais do Instituto Federal de Sergipe, para entender o significado destas cifras e qual o caminho que o Brasil está trilhando.

“Ao longo prazo, esse cenário vai levar à barbárie. Não há sistema político e econômico que se sustente com um numero tão grande de indivíduos totalmente à margem”, afirma Rafael Araújo.

Para Araújo, o relatório da Oxfam indica uma tendência de crescimento da desigualdade desde a crise econômica mundial de 2009. No caso brasileiro, a situação é ainda mais sensível já que o cenário é acompanhado da “retirada de direitos sociais e trabalhistas”.

O professor do Instituto Federal de Sergipe também pontua que os brasileiros têm uma “dificuldade histórica” em discutir distribuição de renda e impostos sobre grandes fortunas — um item que está previsto na Constituição, relembra Araújo.

Via: Sputnik News


Fonte: https://www.portalraizes.com/desigualdade-levara-barbarie/

segunda-feira, 23 de abril de 2018

Os Nazistas Doutores - Assassinos da SS com doutorado

Em estudo monumental, historiador francês Christian Ingrao ressalta o papel decisivo dos intelectuais na elite da Ordem Negra de Himmler



A imagem que se tem popularmente de um oficial da SS é a de um indivíduo cruel, chegando ao sadismo, corrupto, cínico, arrogante, oportunista e não muito culto. Alguém que inspira (além de medo) uma repugnância instantânea e uma tranquilizadora sensação de que é uma criatura muito diferente, um verdadeiro monstro. O historiador francês especializado em nazismo Christian Ingrao(Clermont-Ferrand, 1970) oferece-nos um perfil muito diverso, e inquietante. A ponto de identificar uma alta porcentagem dos comandantes da SS e de seu serviço de segurança, o temido SD, como verdadeiros “intelectuais comprometidos”.

O termo, que escandalizou o mundo intelectual francês, é arrepiante quando se pensa que esses eram os homens que lideravam as unidades de extermínio. Em seu livro Crer e Destruir: Os intelectuais na máquina de guerra da SS nazista, Ingrao analisa minuciosamente a trajetória e as experiências de oitenta desses indivíduos que eram acadêmicos – juristas, economistas, filólogos, filósofos e historiadores – e ao mesmo tempo criminosos –, derrubando o senso comum de que quanto maior o grau de instrução mais uma pessoa estará imune a ideologias extremistas.

Há um forte contraste entre esses personagens e o clichê do oficial da SS: assassinos em massa fardados e com um doutorado no bolso, como descreve o próprio autor. O que fizeram os “intelectuais comprometidos”, teóricos e homens de ação, da SS foi terrível. Ingrao cita o caso do jurista e oficial do SD Bruno Müller, à frente de uma das seções do Einsatzgruppe D, uma das unidades móveis de assassinato no Leste, que na noite de 6 de agosto de 1941 ao transmitir a seus homens a nova ordem de exterminar todos os judeus da cidade de Tighina, na Ucrânia, mandou trazer uma mulher e seu bebê e os matou ele mesmo com sua arma para dar o exemplo de qual seria a tarefa.


É curioso que Müller e outros como ele, com alto grau de instrução, pudessem se envolver assim na prática genocida”, diz Ingrao. “Mas o nazismo é um sistema de crenças que gera muito fervor, que cristaliza esperanças e que funciona como uma droga cultural na psique dos intelectuais.”


O historiador ressalta que o fato é menos excepcional do que parece. “Na verdade, se examinarmos os massacres da história recente, veremos que há intelectuais envolvidos. Em Ruanda, por exemplo, os teóricos da supremacia hutu, os ideólogos do Hutu Power, eram dez geógrafos da Universidade de Louvain (Bélgica). Quase sempre há intelectuais por trás dos assassinatos em massa”. Mas, não se espera isso dos intelectuais alemães. Ingrao ri amargamente. “De fato eram os grandes representantes da intelectualidade europeia, mas a geração de intelectuais de que tratamos experimentou em sua juventude a radicalização política para a extrema direita com forte ênfase no imaginário biológico e racial que se produziu maciçamente nas universidades alemãs depois da Primeira Guerra Mundial. E aderiram de maneira generalizada ao nazismo a partir de 1925”. A SS, explica, diferentemente das ruidosas SA, oferecia aos intelectuais um destino muito mais elitista.


Mas o nazismo não lhes inspirava repugnância moral? “Infelizmente, a moral é uma construção social e política para esses intelectuais. Já haviam sido marcados pela Primeira Guerra Mundial: embora a maioria fosse muito jovem para o front, o luto pela morte generalizada de familiares e a sensação de que se travava um combate defensivo pela sobrevivência da Alemanha, da civilização contra a barbárie, arraigaram-se neles. A invasão da União Soviética em 1941 significou o retorno a uma guerra total ainda mais radicalizada pelo determinismo racial. O que até então havia sido uma guerra de vingança a partir de 1941 se transformou em uma grande guerra racial, e uma cruzada. Era o embate decisivo contra um inimigo eterno que tinha duas faces: a do judeu bolchevique e a do judeu plutocrata da Bolsa de Londres e Wall Street. Para os intelectuais da SS, não havia diferença entre a população civil judia que exterminavam à frente dos Einsatzgruppen e os tripulantes dos bombardeiros que lançavam suas bombas sobre a Alemanha. Em sua lógica, parar os bombardeiros implicava em matar os judeus da Ucrânia. Se não o fizessem, seria o fim da Alemanha. Esse imperativo construiu a legitimidade do genocídio. Era ou eles ou nós”


Assim se explicam casos como o de Müller. “Antes de matar a mulher e a criança falou a seus homens do perigo mortal que a Alemanha enfrentava. Era um teórico da germanização que trabalhava para criar uma nova sociedade, o assassinato era uma de suas responsabilidades para criar a utopia. Curiosamente era preciso matar os judeus para realizar os sonhos nazistas”.





terça-feira, 13 de março de 2018

O QUÊ VAMOS BEBER NO FIM DO MUNDO?


Documentos do exército dos EUA e da multinacional
Nestlé foram publicados pelo WikiLeaks e revelam dados alarmantes sobre o futuro da água potável no planeta.




Relatório secreto revela quando ficaremos sem água potável



O site WikiLeaks, dedicado a revelar segredos que diversos governos e empresas mantêm ocultos, publicou um relatório alarmante da multinacional Nestlé sobre a água potável no nosso planeta. No documento, afirma-se que a Terra poderá ficar sem água potável em menos de 34 anos. O relatório, escrito por executivos da empresa, declara que, por volta de 2025, um terço da população mundial poderá ter inconvenientes gravíssimos para dispor de água bebível e que, em 2050, a situação será abertamente catastrófica para todo o planeta.

Além disso, o site publicou uma pesquisa confidencial realizada pelo exército dos EUA, que diz que a dieta carnívora será a responsável pelo esgotamento dos recursos hídricos. A enorme quantidade de gado criado para satisfazer a demanda de carne no ocidente consome toneladas de milho e soja todos os anos. Se esses cereais fossem ingeridos diretamente pelos seres humanos, seria possível acabar com a fome no mundo e, ao mesmo tempo, economizar percentuais altos de água potável.

O Banco Mundial confirmou esse prognóstico desolador em um documento intitulado “Mudança Climática, Água e Economia”, o qual adverte que a escassez de água será consequência tanto dos fatores climáticos quanto do aumento da demanda por água potável, causado pelo rápido crescimento populacional.


Fonte: https://seuhistory.com/noticias/relatorio-secreto-revela-quando-ficaremos-sem-agua-
potavel


segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

O Primata Antissocial - Vivendo no Aquário de Bolha




sexta-feira, 24 de março de 2017
Sociedade fragmentada, indivíduos fragmentados


Por: Mauro Gouvêa

Qual seria o maior horror causado por um sistema desigual do que uma epidemia de psicopatologias? Ok, fome, miséria, violência, desrespeito às minorias são ótimas respostas, mas não seriam estas também um indicativo de transtorno mental em nossa sociedade?

Olhe à sua volta e me diga: quantas pessoas você conhece que sofrem de ansiedade, estresse, depressão, fobia social, transtornos alimentares, baixa autoestima, solidão patológica, entre tantos outros?

Não tenho dados precisos de estudos realizados no Brasil sobre este tema, gostaria de tê-los, minha urgência de escrever é maior do que minha vontade de pesquisar; trabalho com dados empíricos e a percepção emprestada de conversas e convivências com colegas e amigos.

Vejo uma sociedade angustiada, afogada em existências rasas. Existem diversas razões secundárias para esta angústia, esses estranhos viventes intitulados humanos estão cada vez mais mergulhados na modernidade líquida, como preconizado por Bauman.

Transformamos nosso antropológico instinto gregário em conexões efêmeras, fomos programados para nos conectarmos ao próximo, e agora somente conseguimos nos conectar aos iguais enquanto estes iguais nos são úteis. Indiscutivelmente nossa sobrevivência como indivíduo está inevitavelmente ligada à vida dos outros. As mudanças tecnológicas, o acesso à (des) informação, a pós-verdade e a ideologia nos dizem o contrário, transforma-nos em seres egocêntricos, predatoriamente competitivos e individualistas extremistas e intolerantes.

Sabiamente Milton Santos já identificava isso dentro de um contexto mais político quando afirmava que “A força da alienação vem dessa fragilidade dos indivíduos, quando apenas conseguem identificar o que os separa e não o que os une”. E mais do que nunca as falsas identificações ideológicas impulsionam o isolamento de uma massa facilmente manobrável.

Afirmei em outro momento que o ódio é o sentimento mais fácil de manipular por não exigir grandes esforços cognitivos e é o que estamos vendo. Sociedade fragmentada composta por indivíduos fragmentados.

A crise econômica afeta muito mais essa geração do que crises bem piores em gerações anteriores, fácil diagnosticar: o consumismo preenche o vazio social. Mas longe de curar a doença do isolamento, intensifica a comparação social até o ponto em que, sendo afetados com a impossibilidade de saciar nossa fome consumista, começamos a nos atacar. Não por isso os mais raivosos são aqueles que mais têm e odeiam os que têm menos ou os que têm empatia pelos despossuídos.

Se a ruptura social não é tratada tão seriamente quanto membros quebrados, é porque não podemos vê-lo, mas os detentores do poder podem e esfregam as mãos de contentamento. E não estou aqui falando de um governo golpista tupiniquim, eles não são os detentores do poder, apenas marionetes deste.

Ao final das contas somos todos marionetes de um jeito ou de outro. E, mais uma paráfrase, desta vez de Paulo Freire, somos marionetes inclusivas ou excludentes?