Um produto ideológico faz parte de uma realidade (natural ou social ) como todo o corpo físico, instrumento de produção ou produto de consumo; mas, ao contrário destes, ele também reflete e retrata uma realidade, que lhe é exterior. Tudo o que é ideológico possui um significado e remete a algo situado fora de si mesmo. Em outros termos, tudo o que é ideológico é um signo. Sem signos não existe ideologia
(Mikhail Bakhtin, Marxismo e Filosofia de Linguagem)
Alguns comentários sobre o meio e a mensagem na internet.

terça-feira, 31 de maio de 2016

A AMEAÇA À PAZ MUNDIAL


22/05/2014 - Copyleft

Uma guerra mundial se aproxima

Com os postos avançados da OTAN localizados no Leste Europeu e nos Bálcãs, o último amortecedor que faz fronteira com a Rússia está sendo dividido.

John Pilger - CounterPunch

Porque toleramos a ameaça de uma nova Guerra Mundial? Porque permitimos mentiras que justificam esse risco? A escala da nossa doutrinação, escreveu Harold Pinter, é um “brilhante, até espirituoso e altamente bem sucedido ato de hipnose,” como se a verdade “nunca tivesse acontecido mesmo quando está acontecendo.”

Todo ano o historiador americano William Blum publica seu “sumário atualizado do relatório da polícia externa dos EUA” o qual mostra que, desde 1945, os EUA tentaram derrubar mais de 50 governos, muitos democraticamente eleitos; interferiu grossamente nas eleições de 30 países; bombardeou a civilização de 30 países; usou armas químicas e biológicas; e tentou assassinar líderes internacionais.

Em vários casos a Inglaterra colaborou. O nível do sofrimento humano, não só criminalmente falando, não é muito conhecido no Oeste, mesmo com a presença da comunicação mais avançada do mundo e do jornalismo mais ‘livre.’ Que as maiores vítimas do terrorismo – nosso terrorismo – são muçulmanos, é um fato.

Que o jihadismo extremo, que levou ao 11/9, foi nutrido como uma arma da polícia Anglo-Americana (Operação Ciclone no Afeganistão) é suprimido. Em abril o departamento de Estado dos EUA notou que, seguindo a campanha da OTAN em 2011, “Líbia se tornou um refúgio para os terroristas.”

O nome do “nosso” inimigo mudou com o passar dos anos, de comunismo para Islamismo, mas geralmente é qualquer sociedade independente do poder ocidental e que ocupa estrategicamente território útil ou rico em recursos. Os líderes dessas nações obstrutivas são violentamente postos de lado, como os democratas Muhammad Mossedeq no Irã e Salvador Allende no Chile, ou são mortos como Patrice Lumumba no Congo. Todos estão sujeitos a uma campanha midiática ocidental que os denigre e os caricatura – como Fidel Castro, Hugo Chávez, agora Vladimir Putin.

O papel de Washington na Ucrânia é diferente somente nas suas consequências para o resto de nós. Pela primeira vez desde os anos de Reagan, os EUA estão ameaçando iniciar uma guerra. Com os postos avançados da OTAN no Leste Europeu e nos Bálcãs, o último “amortecedor” que faz fronteira com a Rússia está sendo dividido. Nós do Ocidente estamos apoiando os neonazistas em um país onde os nazistas ucranianos apoiaram Hitler.

Tendo arquitetado o golpe em Fevereiro contra o governo eleito democraticamente em Kiev, o confisco da histórica e legítima base naval de águas mornas Russa na Criméia, falhou. Os Russos se defenderam como fizeram contra qualquer ameaça e invasão vindos do oeste por quase um século.

Mas o cerco militar da OTAN acelerou, junto com os ataques americanos orquestrados aos russos étnicos na Ucrânia. Se Putin pode ser provocado até pedir auxílio, seu papel pré-ordenado de ‘alheio’ vai justificar uma guerrilha coordenada pela OTAN que, provavelmente, vai cair em próprio território russo.

Ao invés, Putin frustrou o partido da guerra quando estava procurando acomodação com Washington e a União Européia, retirando tropas da fronteira ucraniana e insistindo para que os russos étnicos ao Leste da Ucrânia abandonassem o referendo da semana. Essas pessoas que falam russo e os bilíngues – um terço da população ucraniana – tem solicitado há um tempo uma federação democrática que reflita as diversidades étnicas do país e que seja autônoma e independente de Moscou. A maioria não é nem separatista e nem rebelde, somente cidadãos que querem viver seguros em sua pátria.

Como as ruínas do Iraque e do Afeganistão, a Ucrânia se tornou um parque temático da CIA – dirigido pelo diretor da CIA, John Brennan, em Kiev, com ‘unidades especiais’ da CIA e do FBI criando uma ‘estrutura de segurança’ que fiscaliza possíveis ataques aos que se opuseram ao golpe em Fevereiro. Veja os vídeos, leia os relatórios das testemunhas do massacre em Odessa. Bandidos fascistas queimaram a sede do sindicato, matando 41 pessoas que estavam presas dentro. Assista a polícia ficar parada. Um médico disse tentar resgatar as pessoas, “mas fui impedido por pró-Ucrânia Nazistas radicais. Um deles me empurrou e disse que logo todos os judeus em Odessa teriam o mesmo destino. Me pergunto porque o mundo está em silêncio.

Ucranianos que falam Russo estão lutando para sobreviver. Quando Putin anunciou a retirada das tropas russas da fronteira, a secretária de defesa de Kiev – uma das fundadoras do partido fascista Svoboda – alertou que os ataques aos ‘insurgentes’ iriam continuar. De um jeito Orweliano, a propaganda no ocidente inverteu isso para Moscou “tentando orquestrar conflito e provocação,” de acordo com William Hague. Seu cinismo combina com o ‘parabéns’ nojento de Obama à junta do golpe pela sua ‘memorável repressão’ seguindo o massacre em Odessa. Ilegal e fascista, a junta é descrita por Obama como ‘devidamente eleita.’ O que importa não é a verdade, disse Henry Kissinger uma vez, mas sim o que se percebe como verdade.

Na mídia Americana, a atrocidade de Odessa tem sido chamada de ‘sombria’ e ‘tragédia’ na qual ‘nacionalidades’ (neonazistas) atacaram ‘separatistas’ (pessoas que coletavam assinaturas para o referendo na federação Ucraniana). O Wall Street Journal de Rupert Murdoch condenou as vítimas – “incêndio mortal na Ucrânia foi iniciado por rebeldes, diz Governo.’ As propagando na Alemanha vem sendo como na Guerra Fria, com o Frankfurter Allgemeine ¬Zeitung alertando seus leitores da guerra “não declarada” da Rússia. Para os alemães, é uma ironia Putin ser o único líder a condenar a ascensão do fascismo na Europa do século 21.

Um truísmo popular é que “o mundo mudou depois do 11/9”. Mas o que mudou? De acordo com Daniel Ellsberg, um golpe silencioso aconteceu em Washington e quem comanda agora é o militarismo excessivo. O Pentágono atualmente coordena as ‘operações especiais’ – guerras secretas – em 124 países. Em casa, elevando a pobreza estão os corolários históricos de um estado em guerra perpétua. Adicione o risco de uma guerra nuclear, e a pergunta é: por que toleramos isso?



Fonte: http://www.cartamaior.com.br/?%2FEditoria%2FInternacional%2FUma-guerra-mundial-se-aproxima%2F6%2F30994

EUA - O Grande Irmão prepara a Terceira Guerra Mundial - A Nova Desordem Mundial


EUA em silêncio preparam-se para a guerra, por John Pilger

27/5/2016, John Pilger, Counterpunch

Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu



Voltando aos EUA em ano de eleições, o que mais me espanta é o silêncio. Cobri quatro eleições presidenciais, a primeira em 1968; estava ao lado de Robert Kennedy quando foi assassinado e vi o assassino preparando-se para matá-lo. Foi um batismo à moda dos EUA, com a violência que salivava, da polícia de Chicago na conturbada convenção do Partido Republicano. Começava a grande contrarrevolução.

O primeiro que foi assassinado naquele ano, Martin Luther King, ousara associar o sofrimento dos afro-norte-americanos e do povo do Vietnã. Quando Janis Joplin cantou "Freedom’s just another word for nothing left to lose" ["liberdade é só mais uma palavra que resta para [significar] nada a perder"], falava, talvez inconsciente por milhões de vítimas dos EUA em terras distantes.

"Perdemos 58 mil soldados jovens no Vietnã, e eles morreram defendendo a liberdade de vocês. Tratem de não esquecer." Foi o que disse num serviço religioso no National Parks Service semelhante ao que filmei semana passada no Lincoln Memorial em Washington. Falava a um grupo de jovens adolescentes vestidos em camisetas cor-de-laranja. Como se sempre, rotineiramente, mostrasse a história oficial sobre o Vietnã como mentira nunca antes desmascarada.

Como se os milhões de vietnamitas que morreram e envenenados e aleijados e roubados pelos norte-americanos naquela invasão não tivessem lugar histórico na mente dos jovens, para nem falar dos estimados 60 mil veteranos que se suicidaram. Não faltava quem perguntasse a um amigo meu, marine que voltou paraplégico do Vietnã: "Mas você lutou de que lado?"

Há poucos anos, assisti a uma exposição popular intitulada "O Preço da Liberdade", na venerável Smithsonian Institution em Washington. As filas de pessoas comuns, a maioria crianças que entravam como se ali fosse uma caverna de Papai Noel do revisionismo, recebiam sortimento variado de mentiras: a bomba atômica de Hiroshima e Nagasaki salvou "um milhão de vidas"; o Iraque foi "libertado [por] ataques aéreos de precisão inigualada no mundo". O tema era indiscutivelmente heroico: só os norte-americanos pagam ou algum dia pagaram o preço da liberdade".

A campanha presidencial de 2016 é notável, não só por causa da ascensão de Donald Trump e Bernie Sanders, mas também pela resiliência do impenetrável, duradouro silêncio sobre uma divindade assassina, autorreverenciada. Um terço dos membros da ONU já sentiram o peso do tacão norte-americano, derrubando governos, subvertendo a democracia, impondo bloqueios e sanções. A maioria dos presidentes responsável por tudo isso eram social-democratas – Truman, Kennedy, Johnson, Carter, Clinton, Obama.

O recorde insuperável de perfídia, também por isso, passou por uma mutação na mente popular, como disse o falecido Harold Pinter, "nunca aconteceu (...) Nada jamais aconteceu. Mesmo naquele momento em que estava acontecendo, não estava acontecendo. Não importava. Não interessava. Nunca teve importância...". Pinter expressou admiração irônica pelo que chamou de "manipulação quase clínica do poder em todo mundo, sempre mascarada como se se tratasse de uma força aplicada a favor do bem universal. É brilhante, espertíssimo, pode-se dizer, altamente bem-sucedido ato de hipnose."

Vejam Obama. Agora que se prepara para deixar a presidência, os elogios incansáveis já recomeçaram. Obama é "cool". Um dos presidentes mais violentos e mortíferos, Obama deu rédea solta ao aparelho de produzir guerras do Pentágono do presidente (desacreditado) que o antecedeu. Processou mais sentinelas-vazadores – gente que arrisca a vida para dizer a verdade aos semelhantes – que qualquer outro presidente. Declarou Chelsea Manning culpada, antes de haver sequer julgamento. Hoje, Obama comanda campanha mundial de terrorismo e de assassinatos por drones, de dimensões absolutamente jamais vistas.

Em 2009, Obama prometeu ajudar a "livrar o mundo das armas atômicas" e deram-lhe o Prêmio Nobel. Nenhum presidente algum dia construiu mais ogivas nucleares que Obama. Está "modernizando" o arsenal apocalíptico cos EUA, inclusive com novas 'mini' bombas atômicas, cujas dimensões e tecnologia 'inteligente' (sic), diz um dos altos generais dos EUA, asseguram que o uso das tais bombas "deixou de ser impensável".

James Bradley, autor do best-seller Flags of Our Fathers e filho de um dos marines dos EUA que implantaram a bandeira em Iwo Jima, disse, "[Um] Grande mito que estamos vendo em cena hoje é que Obama seria alguma espécie de sujeito 'pacífico', tentando livrar-se de bombas nucleares. É o maior matador nuclear de que se tem notícia. Meteu os norte-americanos numa trilha de ruína, de gastos de 1 trilhão de dólares em mais armas atômicas. Sabe-se lá por quê, as pessoas vivem nessa fantasia de que, porque Obama faz palestras vagas e ainda mais vagos discursos e faz pose para fotógrafos amigos, alguma dessas coisas teria a ver com a política real. Não. Nada têm a ver uma coisa e outra."

No governo de Obama, está-se construindo uma segunda guerra fria. O presidente russo é o 'malvadão' de filme; os chineses ainda não voltaram a ser a velha caricatura sinistra com rabo de porco que lhes correspondeu no passado – quando os chineses foram banidos dos EUA –, mas os jornalistas pró-guerra já trabalham nisso.

Nem Hillary Clinton nem Bernie Sanders sequer tocaram nesses temas durante a campanha, nem remotamente. Não há perigo. Nenhum perigo ameaça sejam os EUA, seja toda a humanidade. Para os candidatos, não aconteceu o maior acúmulos de forças militares junto às fronteiras da Rússia desde a Guerra Mundial. Não aconteceu. Dia 11 de maio, a Romênia entrou em cena 'ao vivo', com uma base "de mísseis de defesa" da OTAN, que existe para que os EUA tenham a prioridade de um primeiro ataque diretamente contra o coração da Rússia, a segunda maior potência nuclear do mundo.

Na Ásia, o Pentágono está enviando navios, aviões e forças especiais para as Filipinas, para ameaçar a China. Os EUA já cercam a China com centenas de bases militares que desenham um arco, da Austrália até a Ásia, atravessando o Afeganistão. Para Obama, trata-se de "pivô para a Ásia".

Consequência direta disso tudo, a China já mudou oficialmente sua política nuclear, de "nenhum primeiro ataque", para alerta máximo, e já pôs no mar submarinos armados com armas atômicas. A escalada da guerra avança, cada vez mais rápida.

Foi Hillary Clinton quem, como secretária de Estado em 2010, elevou o tom das reivindicações sobre penhascos e barreiras de corais no Mar do Sul da China, como "territórios contestados" e fez disso uma questão internacional; na sequência, foi a histeria de CNN e BBC, para as quais a China estaria construindo pistas de pouso nas ilhas em disputa. Nesse jogo dela em 2015, para guerra de proporções de mamute, a Operação Talisman Sabre, os EUA treinaram ataques contra o estreito de Malacca, por onde transitam quase todo o comércio e o petróleo chineses. Nada disso foi manchete.

Clinton declarou que os EUA teriam "interesse nacional" naquelas águas asiáticas. Filipinas e Vietnã foram encorajados e subornados para que mantivessem as 'demandas' e as disputas contra a China. Nos EUA, as pessoas já estão sendo adestradas para ver qualquer posição defensiva dos chineses, como agressão. Vale dizer que o cenário está pronto para escalada rápida rumo à guerra. E escalada similar de provocação e propaganda está em ação também contra a Rússia.

Clinton, a "candidata mulher", deixa por onde passa uma trilha de golpes sangrentos e morticínio: em Honduras, na Líbia (plus o assassinato do presidente da Líbia) e na Ucrânia.

Ucrânia agora é uma espécie de parque temático da CIA, pululando de nazistas, linha de frente de guerra que está sendo construída contra a Rússia. Foi através da Ucrânia – literalmente, através daquela área de fronteira – que os nazistas de Hitler invadiram a União Soviética, que perdeu, naquela guerra, 27 milhões de pessoas. Essa catástrofe épica é presença eterna na Rússia. A campanha de Clinton à presidência recebeu dinheiro de nove das dez maiores empresas fabricantes de armas do mundo. Nenhum outro candidato sequer se aproxima desses 'números'.



Sanders, esperança de tantos jovens norte-americanos, não é muito diferente de Clinton nesse ideário pelo qual os EUA seriam proprietários do mundo além fronteiras. Sanders apoiou o bombardeio ilegal contra a Sérvia, no governo de Bill Clinton. Apoia o terrorismo de Obama operado por drones, a incansável provocação contra a Rússia e o retorno das forças especiais (esquadrões da morte) ao Iraque. Não disse coisa alguma sobre o crescendo das ameaças à China e o risco crescente de guerra nuclear. Concorda com que Edward Snowden deve ser processado e chama Hugo Chavez – o qual, como o próprio Sanders, foi social-democrata –, de "falecido ditador comunista". E já prometeu apoiar Clinton, se for a escolhida.

A eleição entre ou Trump ou Clinton é a velha conversa fiada de escolher alguma coisa, quando de fato não há escolha: as duas faces da moeda são a mesma face. Fazendo das minorias bode expiatório e prometendo "fazer a América novamente grande", Trump é populista doméstico de extrema direita. Mas em todos os casos Clinton pode ser mais letal para o mundo, que Trump.

"Só Donald Trump disse coisa com coisa contra a política externa dos EUA" – escreveu Stephen Cohen, professor emérito de História Russa em Princeton e na NYU, e um dos poucos especialistas em Rússia nos EUA que falou claramente sobre o risco de guerra.

Num programa de rádio, Cohen referiu-se a questões críticas que Trump, e só ele, havia levantado. Dentre elas: por que os EUA "estão ao mesmo tempo em todos os cantos do mundo?" Qual a verdadeira missão da OTAN? Por que os EUA sempre querem mudar, à força, o regime no Iraque, Síria, Líbia, Ucrânia? Por que Washington trata Rússia e Vladimir Putin como seus inimigos figadais?

A histeria da imprensa de 'esquerda' contra Trump só faz alimentar a fantasia de "debate livre e aberto" e de "democracia em ação". O que ele diz sobre imigrantes e muçulmanos é grotesco, mas nem isso faz dele o deportador-em-chefe das pessoas vulneráveis para fora dos EUA: o deportador-em-chefe é Obama, não Trump. O 'legado' de Obama é ter traído os negros: gerou população carcerária na qual predominam os negros, já mais numerosa que do gulag de Stálin.

A campanha eleitoral em curso pode não tratar de populismo, mas do que o mundo conhece como "'esquerdismo' à moda dos EUA" [orig. American liberalism], uma ideologia que se vê ela mesma como moderna e por isso superior e a única via 'de verdade'. Os que habitam a ala direita desse 'esquerdismo' à moda dos EUA assemelham-se a imperialistas cristãos do século 19, que teriam a missão, dada por Deus, de converter, cooptar ou conquistar.

Na Grã-Bretanha, é o Blair-ismo. Tony Blair, cristão criminoso de guerra safou-se no processo da preparação secreta para invadir o Iraque, principalmente graças à classe política dos esquerdistas à moda dos EUA [orig. liberal political class] e porque a mídia caiu pelo tal "charme britânico" [orig. "cool Britannia"] do homem. No Guardian, o aplauso foi ensurdecedor; foi chamado de "o místico Blair". Uma brincadeirinha conhecida como política de identidade, importada dos EUA, aproveitada para promovê-lo.

A História foi declarada acabada, as classes foram abolidas e o gênero foi promovido a feminismo; muitas mulheres foram eleitas ao Parlamento pelo Novo Trabalhismo. No primeiro dia, votaram a favor de o Parlamento cortar os benefícios para famílias de pai ou mãe solteiros (a maioria, de mães solteiras e provedoras únicas), exatamente como haviam sido instruídas a fazer. A maioria da bancada 'feminista' votou a favor de uma invasão que produziu 700 mil viúvas iraquianas.

Equivalente a isso ´nos EUA são os belicistas promovidos a politicamente corretos no New York Times, Washington Post e redes de TV que dominam o debate político. Assisti a um debate feroz na CNN sobre as infidelidades conjugais de Trump. Evidentemente, diziam lá, homem desse tipo não poderia tomar conta da Casa Branca. Nada se discutiu, nada. Nem uma palavra sobre os 80% da população dos EUA, cujos níveis de renda desabaram para níveis de 1970s. Nem uma palavra sobre o alistamento militar. A palavra que desce dos céus sobre a humanidade parece ser "tape o nariz" e vote Clinton: qualquer coisa é melhor que Trump. Só assim você poderá deter o monstro e preservar um sistema que se calibra para mais uma guerra.