Um produto ideológico faz parte de uma realidade (natural ou social ) como todo o corpo físico, instrumento de produção ou produto de consumo; mas, ao contrário destes, ele também reflete e retrata uma realidade, que lhe é exterior. Tudo o que é ideológico possui um significado e remete a algo situado fora de si mesmo. Em outros termos, tudo o que é ideológico é um signo. Sem signos não existe ideologia
(Mikhail Bakhtin, Marxismo e Filosofia de Linguagem)
Alguns comentários sobre o meio e a mensagem na internet.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

O Grande Irmão do Norte prepara o Conflito do Fim dos Tempos - Se não for meu Não será de ninguém.





Boaventura de Sousa Santos

A Terceira Guerra Mundial?

É uma guerra provocada unilateralmente pelos EUA com a cumplicidade da Europa. O alvo principal é a Rússia e, indiretamente, a China. O pretexto é a Ucrânia.


Tudo leva a crer que está em preparação a terceira guerra mundial, se entendermos por “mundial” uma guerra que tem o seu teatro principal de operações na Europa e se repercute em diferentes partes do mundo. É uma guerra provocada unilateralmente pelos EUA com a cumplicidade ativa da Europa. O seu alvo principal é a Rússia e, indiretamente, a China. O pretexto é a Ucrânia. Num raro momento de consenso entre os dois partidos, o Congresso dos EUA aprovou no passado dia 4 de dezembro a Resolução 758 que autoriza o Presidente a adotar medidas mais agressivas de sanções e de isolamento da Rússia, a fornecer armas e outras ajudas ao governo da Ucrânia e a fortalecer a presença militar dos EUA nos países vizinhos da Rússia. A escalada da provocação à Rússia tem vários componentes que, no conjunto, constituem a segunda guerra fria. Nesta, ao contrário da primeira, a Europa é um participante ativo, ainda que subordinado aos EUA, e assume-se agora a possibilidade de guerra total e, portanto, de guerra nuclear. Várias agências de segurança fazem planos já para o Day After de um confronto nuclear.


Os componentes da provocação ocidental são três: sanções para debilitar a Rússia; instalação de um governo satélite em Kiev; guerra de propaganda. As sanções são conhecidas, sendo a mais insidiosa a redução do preço do petróleo, que afeta de modo decisivo as exportações de petróleo da Rússia, uma das mais importantes fontes de financiamento do país. O orçamento da Rússia para o próximo ano foi elaborado com base no preço do petróleo à razão de 100 dólares por barril. A redução do preço combinada com as outras sanções e a desvalorização do rublo agravarão perigosamente o déficit orçamental. Esta redução trará o benefício adicional de criar sérias dificuldades a outros países considerados hostis (Venezuela, Irã e Equador). A redução é possível graças ao pacto celebrado entre os EUA e a Arábia Saudita, nos termos do qual os EUA protegem a família real (odiada na região) em troca da manutenção da economia dos petrodólares (transações mundiais de petróleo denominadas em dólares), sem os quais o dólar colapsa enquanto reserva internacional e, com ele, a economia dos EUA, o país com a maior e mais obviamente impagável dívida do mundo.

O segundo componente é o controle total do governo da Ucrânia de modo a transformar este país num estado satélite. O respeitado jornalista Robert Parry (que denunciou o escândalo do Irã-contra) informa que a nova ministra das finanças da Ucrânia, Natalie Jaresko, é uma ex-funcionária do Departamento de Estado, cidadã dos EUA, que obteve cidadania ucraniana dias antes de assumir o cargo. Foi até agora presidente de várias empresas financiadas pelo governo norte-americano e criadas para atuar na Ucrânia. Agora compreende-se melhor a explosão, em fevereiro passado, da secretária de estado norte-americana para os assuntos europeus, Victoria Nulland: “Fuck the EU”. O que ela quis dizer foi: “Raios! A Ucrânia é nossa. Pagamos para isso”.

O terceiro componente é a guerra de propaganda. Os grandes media e seus jornalistas estão a ser pressionados para difundirem tudo o que legitime a provocação ocidental e ocultarem tudo o que a questione. Os mesmos jornalistas que, depois dos briefings nas embaixadas dos EUA e em Washington, encheram as páginas dos seus jornais com a mentira das armas de destruição massiva de Saddam Hussein, estão agora a enchê-las com a mentira da agressão da Rússia contra a Ucrânia. Peço aos leitores que imaginem o escândalo mediático que ocorreria se se soubesse que o Presidente da Síria acabara de nomear um ministro iraniano a quem dias antes concedera a nacionalidade síria. Ou que comparem o modo como foram noticiados e analisados os protestos em Kiev em fevereiro passado e os protestos em Hong Kong das últimas semanas. Ou ainda que avaliem o relevo dado à declaração de Henri Kissinger de que é uma temeridade estar a provocar a Rússia. Outro grande jornalista, John Pilger, dizia recentemente que, se os jornalistas tivessem resistido à guerra de propaganda, talvez se tivesse evitado a guerra do Iraque em que morreram até ao fim da semana passada 1.455.590 iraquianos e 4801 soldados norte-americanos. Quantos ucranianos morrerão na guerra que está a ser preparada? E quantos não-ucranianos?

Estamos em democracia quando 67% dos norte-americanos são contra a entrega de armas à Ucrânia e 98% dos seus representantes votam a favor? Estamos em democracia na Europa quando países da UE membros da NATO podem estar a ser conduzidos, à revelia dos cidadãos, a travar uma guerra contra a Rússia em benefício dos EUA, ou quando o parlamento europeu segue nas suas rotinas de conforto enquanto a Europa está a ser preparada para ser o próximo teatro de guerra, e a Ucrânia, a próxima Líbia?

As razões da insanidade 

Para entender o que se está a passar é preciso ter em conta dois fatos: o declínio dos EUA enquanto país hegemônico; o negócio altamente lucrativo da guerra. O declínio do poder econômico-financeiro é cada vez mais evidente. Depois do 11 de Setembro de 2001, a CIA financiou um projeto chamado “projeto profecia” destinado a prever possíveis novos ataques aos EUA a partir de movimentos financeiros estranhos e de grande envergadura. Sob diferentes formas, esse projeto tem continuado, e um dos seus participantes prevê o próximo crash do sistema financeiro com base nos seguintes sinais: a Rússia e a China, os maiores credores dos EUA, têm vindo a vender os títulos do tesouro e em troca têm vindo a adquirir enormes quantidades de ouro; estranhamente, este títulos têm vindo a ser comprados em grandes quantidades por misteriosos investidores belgas e muito acima da capacidade deste pequeno país (especula-se se o próprio banco de reserva federal não estará envolvido nesta operação); aqueles dois países estão cada vez mais a usar as suas moedas e não os petrodólares nas transações de petróleo (todos se recordam que Saddam e Kadafi procuraram usar o euro e o preço que pagaram pela ousadia); finalmente, o FMI (o cavalo de Troia) prepara-se para que o dólar deixe de ser nos próximos anos a moeda de reserva e seja substituída por uma moeda global, os SDR (special drawing rights).

Para os autores do projeto profecia, tudo isto indica que um ataque aos EUA está próximo e que para este se defender tem de manter os petrodólares a todo o custo, assegurando o acesso privilegiado ao petróleo e ao gás, tem de conter a China e tem de debilitar a Rússia, idealmente provocando a sua desintegração, tipo Jugoslávia. Curiosamente, os “especialistas” que veêm na venda da dívida uma atitude hostil por parte de potências agressoras são os mesmos que aconselham os investidores norte-americanos a procederem da mesma maneira, isto é, a desfazerem-se dos títulos, a comprar moedas de ouro e a investirem em bens sem os quais os humanos não podem viver: terra, água, alimentos, recursos naturais, energia.

Transformar os sinais óbvios de declínio em previsões de agressão visa justificar a guerra como defesa. Ora a guerra é altamente lucrativa devido à superioridade dos EUA na condução da guerra, no fornecimento de equipamentos e nos trabalhos de reconstrução. E a verdade é que, como escreveu Howard Zinn, os EUA têm estado permanentemente em guerra desde a sua fundação. Acresce que, ao contrário da Europa, a guerra nunca será travada em solo norte-americano, salvo, claro, o caso de guerra nuclear. Em 14 de Outubro de 2014, o New York Times divulgava o relatório da CIA sobre o fornecimento clandestino e ilegal de armas e financiamento de guerras nos últimos 67 anos em muitos países, entre eles, Cuba, Angola e Nicarágua. Esta notícia serviu para que Noam Chomsky dissesse em “The Laura Flanders Show” que aquele documento só podia ter o seguinte título: “Yes, we declare ourselves to be the world´s leading terrorist state. We are proud of it” (“Sim, declaramos que somos o maior estado terrorista do mundo e temos orgulho nisso”).

Um país em declínio tende a tornar-se caótico e errático na sua política internacional. Immanuel Wallerstein refere que os EUA se transformaram num canhão descontrolado (a loose canon), um poder cujas ações são imprevisíveis, incontroláveis e perigosas para ele próprio e para os outros. A consequência mais dramática é que esta irracionalidade se repercute e intensifica na política dos seus aliados. Ao deixar-se envolver na nova guerra fria, a Europa, não só atua contra os seus interesses económicos, como perde a relativa autonomia que tinha construído no plano internacional depois de 1945. A Europa tem todo o interesse em continuar a intensificar as suas relações comerciais com a Rússia e em contar com esta como fornecedora de petróleo e gás. As sanções contra a Rússia podem a vir a afetar mais a Europa que a Rússia. Ao alinhar-se com o militarismo da OTAN onde os EUA têm total preponderância, a Europa põe a economia europeia ao serviço da política geoestratégica dos EUA, torna-se energeticamente mais dependente dos EUA e dos seus estados satélites, perde a oportunidade de se expandir com a entrada da Turquia na União Europeia. E o mais grave é que esta irracionalidade não é o mero resultado de um erro da avaliação dos interesses dos europeus. É muito provavelmente um ato de sabotagem por parte das elites neoconservadoras europeias no sentido de tornar a Europa mais dependente dos EUA, tanto no plano energético e
econômico, como no plano militar.

Por isso, o aprofundamento do envolvimento na OTAN e o tratado de livre comércio entre a UE e os EUA (parceria transatlântica de investimento e comércio) são os dois lados da mesma moeda. 

Pode argumentar-se que a nova guerra fria, tal como a anterior, não conduzirá a um enfrentamento total. Mas não esqueçamos que a primeira guerra mundial foi considerada, quando começou, uma escaramuça que não duraria mais de uns meses. Durou quatro anos e custou entre 9 e 15 milhões de mortos.


quarta-feira, 26 de novembro de 2014

A CIA - A Cadela Fascista está sempre no CIO - Controlando a "Mass Media"


Jornalista alemão denuncia controle da CIA sobre a mídia; diz que noticiário estimula guerra com a Rússia
publicado em 25 de novembro de 2014 às 15:49


jornalista

Udo Ulfkotte, que trabalhou no Frankfurter Allgemeine Zeitung, fala à Russia Today
sugerido pela Conceição Oliveira

Tradução parcial da entrevista reproduzida em vídeo abaixo

Sou jornalista há 25 anos, e fui criado para mentir, trair, e não dizer a verdade ao público. Mas vendo agora, e nos últimos meses, o quanto … como alemão a mídia dos EUA tentar trazer a guerra para os europeus, para trazer a guerra à Rússia. Este é um ponto de não retorno, e eu vou me levantar e dizer … que o que eu fiz no passado, não é correto, manipular as pessoas, para fazer propaganda contra a Rússia e o que os meus colegas fizeram no passado, porque eles são subornados para trair o povo, não só na Alemanha, mas de toda a Europa.




A razão para este livro é que estou muito preocupado com uma nova guerra na Europa, e eu não quero de novo a situação, porque a guerra nunca vem de si mesmo, há sempre pessoas atrás que levam à guerra, e não é só políticos, jornalistas também.

Eu só escrevi no livro sobre como traimos no passado nossos leitores apenas para empurrar para a guerra, e porque eu não quero isso, eu estou cansado dessa propaganda. Nós vivemos em uma república de bananas, não é um país democrático, onde teríamos a liberdade de imprensa, direitos humanos.

[...]

Se você olhar para a mídia alemã, especialmente os meus colegas que, dia após dia, escrevem contra os russos, que estão em organizações transatlânticas, que são apoiados pelos Estados Unidos para fazer isso, pessoas como eu. Eu me tornei um cidadão honorário do Estado de Oklahoma. Por que exatamente? Só porque eu escrevia pró-Estados Unidos. Eu escrevia pro-Estados Unidos e fui apoiado pela Agência Central de Inteligência, a CIA. Por quê? Porque eu tinha que ser pró-americano.

Estou cansado disso. Eu não quero! E assim que eu acabei de escrever o livro — não para ganhar dinheiro, não, ele vai me custar um monte de problemas — só para dar às pessoas, neste país, a Alemanha, na Europa e em todo o mundo, apenas para dar-lhes um vislumbre do que se passa por trás das portas fechadas.





Sim, existem muitos exemplos disso: se você voltar na história, em 1988, se você for ao seu arquivo, você encontrará em março de 1988 que os curdos do Iraque foram atacados com gás tóxico, o que se tornou conhecido em todo o mundo. Mas em julho de 1988, eles [o jornal alemão] me mandaram para uma cidade chamada Zubadat, que fica na fronteira entre Iraque e Irã.

Foi na guerra entre iranianos e iraquianos, e eu fui enviado para lá para fotografar como os iranianos tinham sido atacados com gases venenosos, gás venenoso alemão. Sarin, gás mostarda, fabricado pela Alemanha. Eles foram mortos e eu estava lá para tirar fotos de como essas pessoas foram atacadas com gás venenoso da Alemanha. Quando voltei para a Alemanha, só saiu uma pequena foto no jornal, o Frankfurter Allgemeine, e saiu apenas uma pequena seção sem descrever como era impressionante, brutal, desumano e terrível, matar … matar, décadas após a Segunda Guerra Mundial, o povo com gás venenoso alemão.

Foi uma situação em que eu me senti abusado por estar lá apenas para fazer um documentário sobre o que tinha acontecido, mas não estar autorizado a revelar ao mundo o que tínhamos feito atrás das portas fechadas. Até hoje, não é bem conhecido do público alemão que havia gás alemão, houve centenas de milhares de pessoas atingidas nesta cidade de Zubadat.

Agora, você me perguntou o que eu fiz para as agências de inteligência. Então, por favor, entenda que a maioria dos jornalistas que você vê em outros países afirmam ser jornalistas, e eles poderiam ser jornalistas, jornalistas europeus ou americanos … mas muitos deles, como eu no passado, são supostamente chamado de “informantes não-oficiais”.

É assim que os americanos chamam. Eu era um “informante não-oficial”. A cobertura extra-oficial, o que isso significa?

Isso significa que você trabalha para uma agência de inteligência, você os ajuda se eles querem que você para ajude, mas nunca, nunca [...] quando você for pego, se descobrem que você não é só um jornalista, mas também um espião, eles nunca dirão “era um dos nossos.”

Isso é o que significa uma cobertura extra-oficial. Então, eu ajudei-os várias vezes, e agora eu me sinto envergonhado por isso também. Da mesma forma que eu sinto vergonha de ter trabalhado para jornais como o Frankfurter Allgemeine, porque eu fui subornado por bilionários, subornado pelos norte-americanos para não refletir com precisão a verdade .

[...]

Eu só imaginava, quando eu estava no meu carro para vir a esta entrevista, tentei perguntar o que teria acontecido se eu tivesse escrito um artigo pró-russo no Frankfurter Allgemeine. Bem, eu não sei o que teria acontecido. Mas todos nós fomos ensinados a escrever artigos pró-europeus, pró-americanos, mas por favor não pró-russos. Portanto, estou muito triste por isso …. Mas não é assim que eu entendo a democracia, a liberdade de imprensa, e eu realmente sinto muito por isso.

[...]

Sim, eu entendi a pergunta. A Alemanha ainda é uma espécie de colônia dos EUA, você verá em muitos aspectos; como [o fato de que] a maioria dos alemães não querem ter armas nucleares em nosso país, mas ainda temos armas nucleares americanas.

Então, sim, nós ainda somos uma espécie de colônia americana e, por ser uma colônia, é muito fácil de se aproximar de jovens jornalistas através de (e isso é muito importante) organizações transatlânticas.

Todos os jornalistas de jornais alemães altamente respeitados e recomendados, revistas, estações de rádio, canais de TV, são todos membros ou convidados destas grandes organizações transatlânticas. E nestas organizações transatlânticas, você é abordado por ser pró-americano. Não há ninguém que vem a você e diz: “Nós somos a CIA. Gostaria de trabalhar para nós? “. Não! Esta não é a maneira que acontece.

O que essas organizações transatlânticas fazem é convidá-lo para ver os Estados Unidos, pagam por isso, pagam todas as suas despesas, tudo. Assim, você é subornado, você se torna mais e mais corrupto, porque eles fazem de você um bom contato. Então, você não vai saber que esses bons contatos, digamos, não-oficiais, são de pessoas que trabalham para a CIA ou outras agências dos EUA.

Então, você faz amigos, você acha que você é amigo e você vai cooperar com eles. E se perguntam: “Você poderia me fazer um favor?”. Em seguida, seu cérebro passa por uma lavagem cerebral. A pergunta: é apenas o caso com jornalistas alemães? Não! Eu acho que este é particularmente o caso com jornalistas britânicos, porque eles têm uma relação muito mais próxima. Também é particularmente o caso com jornalistas israelenses. É claro que com jornalistas franceses, mas não tanto como com os jornalistas alemães ou britânicos.

Este é o caso para os australianos, os jornalistas da Nova Zelândia, de Taiwan e de muitos países. Os países do mundo árabe, como a Jordânia, por exemplo, como Omã. Há muitos países onde você encontra pessoas que se dizem jornalistas respeitáveis, mas se você olhar para trás, você vai descobrir que eles são fantoches manipulados pela CIA.

[...]

Desculpe-me por interrompê-lo, dou-lhe um exemplo. Às vezes, as agências de inteligência vêm para o seu escritório e sugerem que você escreva um artigo. Dou-lhe um exemplo, não de um jornalista estranho, mas de mim mesmo. Eu só esqueci o ano. Só me lembro que o serviço de inteligência alemão no exterior, o Serviço Federal de Inteligência da Alemanha (isto é apenas uma organização irmã da Agência Central de Inteligência) veio ao meu escritório Frankfurter Allgemeine em Frankfurt. Eles queriam que eu escrevesse um artigo sobre a Líbia e o coronel Kadafi. Eu não tinha absolutamente nenhuma informação secreta sobre Kadafi e Líbia. Mas eles me deram toda a informação em segredo, só queriam que eu assinasse o meu nome.

Eu fiz isso. Mas foi um artigo que foi publicado no Frankfurter Allgemeine, que originalmente veio do Serviço Federal de Inteligência da Alemanha, a agência de inteligência no exterior. Então, você realmente acha que isso é jornalismo? As agências de inteligência escreverem artigos?

[...]

Oh sim. Este artigo é parcialmente reproduzida no meu livro, este artigo foi “Como a Líbia e o coronel Kadafi secretamente tentam construir uma usina de gás tóxico em Rabta”. Acho que foi Rabta, sim. E eu tenho toda essa informação… foi uma história que foi impressa em todo o mundo, alguns dias depois. Mas eu não tinha nenhuma informação sobre o assunto e foi a agência de inteligência que me sugeriu escrever o artigo. Então isso não é como o jornalismo deve funcionar, as agências de inteligência decidirem o que é publicado ou não.

[...]

Eu tive uma, duas, três … seis vezes a minha casa foi revistada, porque eu tenho sido acusado pelo procurador-geral alemão pela divulgação de segredos de Estado. Seis vezes invadiram a minha casa! Bem, eles esperavam que eu nunca iria me recuperar. Mas eu acho que é pior, porque a verdade virá à tona um dia. A verdade não vai morrer. E eu não me importo com o que acontecer. Eu tive três ataques cardíacos, não tenho filhos. Então, se eles querem me processar ou me jogar na cadeia… é pior para a verdade.

PS do Viomundo: Quem serão as fontes não oficiais da CIA no Brasil?


Fonte: http://www.viomundo.com.br/denuncias/jornalista-alemao-denuncia-controle-da-cia-sobre-midia.html

sábado, 8 de novembro de 2014

Noam Chomsky - A Existência da Humanidade por Um Fio




Filósofo americano Noam Chomsky acredita que a escalada de tensão entre os Estados Unidos e a Rússia poderia desencadear uma guerra nuclear.

"O pior cenário, é claro, seria uma guerra nuclear, o que seria terrível. Os Estados que iniciarem tal conflito  serão ambos exterminados pelas conseqüências. Esse é o pior cenário ", disse ele ao Russia Today, quando perguntado sobre as tensas relações entre Washington e Moscou.

"Esse cenário esteve ameaçadoramente perto várias vezes no passado recente, dramaticamente perto. E isso poderia acontecer novamente, mas não de planejado, mas apenas pelas interações acidentais que acontecem num conflito - que quase já aconteceu ", acrescentou Chomsky.

As duas potências estão em desacordo sobre uma série de questões.

Os Estados Unidos acusam o presidente russo, Vladimir Putin de apoiar as forças pró-russas na Ucrânia. O Kremlin nega a acusação.

Presidente dos EUA, Barack Obama tem repetidamente ameaçado Putin com mais sanções sobre a crise na Ucrânia.

Chomsky disse que as sanções contra a Rússia estavam dirigindo o país em direção ao Oriente, e a estreitar ainda mais as relações com a China.

Ele também observou que os seres humanos têm vivido perigosamente perto de uma guerra nuclear.

"Houve muitos casos sem gravidade, mas que por pouco, onde só a intervenção humana com uma decisão rápida impediu uma guerra nuclear poucos minutos antes. Você não pode garantir que isso vai continuar ", disse o autor bem conhecido.

O comentarista político também alertou para o fim da raça humana.

"É bom lembrar que apenas um século atrás, a Primeira Guerra Mundial estourou através de uma série de tais trocas acidentais. A Primeira Guerra Mundial foi horrível o suficiente, mas a encenação atual do que significa o fim da raça humana ", disse Chomsky.

Fonte: http://www.presstv.ir/detail/2014/11/08/385191/usrussia-rift-end-in-nuke-war-chomsky/





quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Tio Sam e a Xepa da Feira - Pobreza nos EUA

Pobreza nos Estados Unidos atinge 80% da população

Enquanto isso, notícia publicada em um site de notícias especializado em destacar as reportagens que não aparecem na grande mídia estadunidense, o Political Blindspot, dá conta de que na maior nação liberal do planeta, a terra das oportunidades, onde qualquer um pode construir sua riqueza, 80% de sua população viveram próximos a pobreza ou abaixo da linha da miséria (só nessa última condição, são 49,7 milhões de pessoas).

A reportagem fala ainda do aumento cada vez maior do abismo que separe ricos e pobres daquela nação e de como o governo estadunidense, em vez de aumentar a rede de proteção social dos 80% da população que sofre com os efeitos da pobreza, está discutindo os cortes dos poucos programas assistenciais que estão ajudando alguns estadunidenses a se manterem pouco acima da linha da pobreza.

Parece que o paraíso dos liberais não é tão maravilhoso assim. Enquanto isso, no Brasil “assistencialista” pós-FHC, mais de 40 milhões de pessoas deixaram a condição de miséria, fizeram girar a economia do país e, ainda por cima, chegaram até mesmo a empreender novos negócios. Será que os Estados Unidos estão precisando de um Bolsa Família, ou melhor, um Purse Family por lá? Será que seus políticos, ou melhor, os Democratas teriam a coragem política necessária para enfrentar essa dura realidade?

Abaixo, uma tradução livre da reportagem de Simeon Ari para o Political Blindspot.

NOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 49,7 MILHÕES DE PESSOAS AGORA SÃO POBRES, E 80% DE TODA A POPULAÇÃO DAQUELE PAÍS ESTÁ BEM PRÓXIMO A ELA
Foto: Associated Press


Se você vive nos Estados Unidos, há uma boa chance que você esteja agora vivendo na pobreza ou muito próximo a ela. Aproximadamente 50 milhões de estadunidenses, (49,7 milhões), estão vivendo abaixo da linha da pobreza com80% de todos os habitantes dos Estados Unidos vivendo próximo a linha da pobreza ou abaixo dela.

Essa estatística da “quase pobreza” é mais surpreendente do que os 50 milhões de estadunidenses vivendo abaixo da linha da pobreza, pois ela remete a um total de 80% da população lutando contra a falta de emprego, a quase pobreza ou a dependência de programas assistenciais do governo para ajudar a fazer face às despesas.

Em setembro, a Associated Press apontou para o levantamento de dados que falavam de uma lacuna cada vez mais crescente entre ricos e pobres, bem como a perda de empregos bem remunerados na área de manufatura que costumavam fornecer as oportunidades para a “classe trabalhadora” para explicar a crescente tendência em direção à pobreza nos EUA.

Mas os números daqueles que vivem abaixo da linha da pobreza não refletem apenas o número de estadunidenses desempregados. Ao contrário, de acordo com os números de um censo revisado lançado na última quarta-feira, o número – 3 milhões acima daquele imaginado pelas estatísticas oficiais do governo – também são devidos a despesas médicas imprevistas e gastos relacionados com o trabalho.

O novo número é geralmente “considerado mais confiável por cientistas sociais por que ele se baseia no custo de vida, bem como nos efeitos dos auxílios do governo, tais como selos de comida e créditos fiscais,” segundo o relatório da Hope Yen para a Associated Press.

Alguns outros resultados revelaram que os selos de comida (distribuídos pelo governo a pessoas em situação de pobreza) auxiliaram 5 milhões de pessoas para que essas mal pudessem atinger a linha da pobreza. Isso significa que a taxa atual de pobreza é ainda maior do que a anunciada, já que sem tal auxílio, a taxa de pobreza aumentaria de 16 a 17,6 porcento.

Estadunidenses de origens asiática e latina viram um aumento no índice de pobreza, subindo para 27,8 porcento e 16,7 porcento respectivamente, superior aos 25,8 porcento e 11,8 porcento dos números oficiais do governo. Afro-americanos, contudo, viram um decréscimo bem pequeno, de 27,3 porcento para 25,8 porcento que, como documentado pelo estudo, deve-se aos programas assistenciais do governo. O índice de pobreza também aumentou entre os brancos não-hispânicos, de 9,8 porcento para 10,7 porcento.

“A principal razão para a pobreza permanecer tão alta,” disse Sheldon Danziger, um economista da Universidade do Michigan, “é que os benefícios de uma economia crescente não estão mais sendo compartilhada por todos os trabalhadores como eram nos vinte e cinco anos que se seguiram o final da Segunda Guerra Mundial.

“Dado as condições econômicas atuais,” continua, “a pobreza não será substancialmente reduzida a menos que o governo faça mais para auxiliar os trabalhadores pobres.”

Enquanto isso, o governo dos Estados Unidos parece pensar que a resposta é cortar mais daqueles serviços que estão ajudando a manter 80% da população minimamente acima da linha da pobreza, cortaram os selos de comida desde o começo do mês. Democratas e Republicanos estão negociando apenas quanto mais desses programas devem ser cortados, mas nenhum dos partidos estão discutindo que eles sequer deveriam ser tocados.



(Artigo por Simeon Ari; Foto via AP Photo)



terça-feira, 28 de outubro de 2014

Meritocracia - A Evolução do Trabalho Escravo que Dispensa Grilhões


Como se desperta o pior que há em nós




Sociedades meritocráticas de mercado corroem autoestima. Estimulam, como defesa, superficialidade, oportunismo e mesquinhez. Tornam-nos “livres” porém impotentes. Saberemos reagir?



Temos a tendência de enxergar nossas identidades como estáveis e muito separadas das forças externas. Porém, décadas de pesquisa e prática terapêutica convenceram-me de que as mudanças econômicas estão afetando profundamente não apenas nossos valores, mas também nossas personalidades. Trinta anos de neoliberalismo, forças de livre mercado e privatizações cobraram seu preço, já que a pressão implacável por conquistas tornou-se o padrão. Se você estiver lendo isto de forma cética, gostaria de afirmar algo simples: o neoliberalismo meritocrático favorece certos traços de personalidade e reprime outros.

Há algumas características ideais para a construção de uma carreira hoje em dia. A primeira é expressividade, cujo objetivo é conquistar o máximo de pessoas possível. O contato pode ser superficial, mas como isso acontece com a maioria das interações sociais atuais, ninguém vai perceber. É importante exagerar suas próprias capacidades tanto quanto possível – você afirma conhecer muitas pessoas, ter bastante experiência e ter concluído há pouco um projeto importante. Mais tarde, as pessoas descobrirão que grande parte disso era papo furado, mas o fato de terem sido inicialmente enganadas nos remete a outro traço de personalidade: você consegue mentir de forma convincente e quase não sentir culpa. É por isso que você nunca assume a responsabilidade por seu próprio comportamento.

Além de tudo isso, você é flexível e impulsivo, sempre buscando novos estímulos e desafios. Na prática, isso gera um comportamento de risco, mas nem se preocupe: não será você que recolherá os pedaços. Qual a fonte de inspiração para essa lista? A relação de psicopatologias de Robert Hare, o especialista mais conhecido em psicopatologia atualmente.

Esta descrição é, obviamente, uma caricatura exagerada. Contudo, a crise financeira ilustrou em um nível macrossocial (por exemplo, nos conflitos entre os países da zona do euro) o que uma meritocracia neoliberal pode fazer com as pessoas. A solidariedade torna-se um bem muito caro e luxuoso e abre espaço para as alianças temporárias, cuja principal preocupação é sempre extrair mais lucro de uma dada situação que seu concorrente. Os laços sociais com os colegas se enfraquecem, assim como o comprometimento emocional com a empresa ou organização.

Bullying era algo restrito às escolas; agora é uma característica comum do local de trabalho. Esse é um sintoma típico do impotente que descarrega sua frustração no mais fraco. Na psicologia, isso é conhecido como agressão deslocada. Há uma sensação velada de medo, que pode variar de ansiedade por desempenho até um medo social mais amplo da outra pessoa, considerada uma ameaça.

Avaliações constantes no trabalho causam uma queda na autonomia e uma dependência cada vez maior de normas externas e em constante mudança. O resultado disso é o que o sociólogo Richard Sennett descreveu com aptidão como a “infantilização dos trabalhadores”. Adultos com explosões infantis de temperamento e ciúme de banalidades (“Ela ganhou uma nova cadeira para o escritório e eu não”), contando mentirinhas, recorrendo a fraudes, rogozijando-se da queda dos outros e cultivando sentimentos mesquinhos de vingança. Essa é a consequência de um sistema que impede as pessoas de pensar de forma independente e que é incapaz de tratar os empregados como adultos.

Porém, o mais importante é o dano à autoestima das pessoas. O autorrespeito depende amplamente do reconhecimento que recebemos das outras pessoas, como mostraram pensadores desde Hegel a Lacan. Sennett chega a uma conclusão parecida quando percebe que a questão principal dos funcionários hoje em dia é “Quem precisa de mim?” Para um grupo cada vez maior de pessoas, a resposta é: ninguém.

Nossa sociedade proclama constantemente que qualquer pessoa pode “chegar lá” caso se esforce o suficiente. Isso reforça os privilégios e coloca cada vez mais pressão nos ombros dos cidadãos já sobrecarregados e esgotados. Um número crescente de pessoas fracassa, gerando sentimentos de humilhação, culpa e vergonha. Sempre ouvimos que até hoje nunca tivemos tanta liberdade para escolher o curso de nossas vidas, mas a liberdade de escolher algo fora da narrativa de sucesso é limitada. Além disso, aqueles que fracassam são considerados perdedores ou bicões, levando vantagem sobre nosso sistema de seguridade social.

Uma meritocracia neoliberal quer nos fazer acreditar que o sucesso depende do esforço e do talento das pessoas, ou seja, a responsabilidade é toda da pessoa, e as autoridades devem dar às pessoas o máximo de liberdade possível para que elas alcancem essa meta. Para aqueles que acreditam no conto das escolhas irrestritas, autonomia e autogestão são as mensagens políticas mais notáveis, especialmente quando parece que prometem liberdade. Junto com a ideia do individuo perfeito, a liberdade que acreditamos ter no Ocidente é a grande mentira dos dias atuais e de nossa época.

O sociólogo Zygmunt Bauman resume perfeitamente o paradoxo de nossa era como: “Nunca fomos tão livres. Nunca nos sentimos tão incapacitados.” Realmente somos mais livres do que antes no sentido de podermos criticar a religião, aproveitar a nova atitudelaissez-faire com relação ao sexo e apoiar qualquer movimento político que quisermos. Podemos fazer tudo isso porque essas coisas não têm mais qualquer importância – uma liberdade desse tipo é movida pela indiferença. Por outro lado, nossas vidas diárias transformaram-se em uma batalha constante contra uma burocracia que faria Kafka tremer. Há regulamentos para tudo, desde a quantidade de sal no pão até a criação de aves na cidade.

Nossa suposta liberdade está ligada a uma condição central: precisamos ser bem-sucedidos – ou seja, “ser” alguém na vida. Não é preciso ir muito longe para encontrar exemplos. Uma pessoa muito bem qualificada que decide colocar a criação de seus filhos à frente da carreira certamente receberá críticas. Uma pessoa com um bom trabalho, que recusa uma promoção para investir mais tempo em outras coisas é vista com louca – a menos que essas outras coisas garantam o sucesso. Uma jovem que deseja ser uma professora de primário ouve de seus pais que ela deveria começar obtendo um mestrado em economia. Uma professora de primário, o que será que ela está pensando?

Há lamentos constantes com relação à chamada perda de normas e valores em nossa cultura. Ainda assim, nossas normas e valores compõem uma parte integral e essencial de nossa identidade. Portanto, não é possível perdê-las, apenas mudá-las. E é exatamente isso que aconteceu: uma mudança de economia reflete uma mudança de ética e gera uma mudança de identidade. O sistema econômico atual está revelando nossa pior faceta.


sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Bloomberg - Como Aécio Neves é o Candidato Preferido das Empresas de Exploração de Petróleo Estrangeiras


Shell e Halliburton pretendem ganhos com Neves no Brasil

e do Brasil também

A perspectiva de uma mudança de regime no Brasil está fazendo a Petróleo Brasileiro SA (PETR4) a empresa com maior estoque de petróleo do mundo. Ele também está abrindo as portas para empresas estrangeiras para explorar a vasta riqueza energética do país.

As atuais políticas que garantiram a estatal Petrobras, com 139.000 milhões dólares em dívida e feitas no exterior em regime OFFSHORE, com projetos mais caros e esforços também  prejudicadas por empresas, incluindo a Royal Dutch Shell Plc (RDSA) e Halliburton Co. (HAL) que pretendem expandir no país. Promessas do candidato da oposição, Aécio Neves de leiloar licenças de exploração com mais freqüência, aumentar os preços dos combustíveis e facilidades made-in-Brazil são os requisitos que espelham as recomendações da indústria. 

Neves, cujo partido social-democracia abriu o mercado de exploração de óleo para fabricantes estrangeiros no final de 1990, surpreendeu os analistas ao ficar em segundo lugar na votação em 05 de outubro e forçar um segundo turno eleitoral. Frustração entre as empresas de petróleo e seus investidores com a presidente Dilma Rousseff, tem crescido desde que assumiu o cargo em 2011 No mês passado, um grupo de lobby do petróleo disse que a indústria enfrenta dificuldades e alguns fornecedores da Petrobras (PBR) podem deixar o Brasil. Neves atacou a gestão de Dilma na Petrobras e contratou um consultor da indústria e um funcionário envolvido na década de 1990, nas privatizações para redigir o seu programa de energia. 

"Abrindo a indústria até aos investidores estrangeiros, que é o que você verá no Brasil caso Neves ganhe", afirmou Robbert van Batenburg, diretor de estratégia de mercado na corretora Newedge EUA LLC, em entrevista por telefone, de Nova York. "Essas restrições às importações e barreiras comerciais têm sido extremamente inúteis. Se ele ganhar, ele vai cumprir tudo o que disse. "



Adesão ao Pré-Sal 

Neves, ex-governador do estado de Minas Gerais, se comprometeu a realizar leilões regulares de direitos de exploração. Ele também está pensando em modificar a legislação que obriga a Petrobras, a maior produtora em águas mais profundas, superiores a 1000 pés, da obrigatoriedade de manter, pelo menos, uma participação de 30 por cento em todos os projetos na região chamada de pré-sal. 

Rousseff e Neves são estatisticamente empatado menos de duas semanas antes do 26 de outubro de escoamento, segundo duas pesquisas ontem, sinalizando a corrida presidencial mais contestada em mais de uma década. 

A Petrobras subiu 9,1 por cento desde que Neves ganhou um lugar no segundo turno, como outros grandes produtores caiu. Nos últimos quatro anos, o estoque perdeu investidores de 32 por cento em termos de dólares, o pior desempenho entre os principais concorrentes. 

As ações da Petrobras cairam 5,6 por cento, para 20,02 reais, no final do pregão, em São Paulo. 

As exigências da Petrobras ser a operadora em cada nova descoberta no pré-sal, uma formação sob uma camada de sal no subsolo marinho, devem ser revistas para estimular a concorrência, disse Elena Landau, que aconselha Neves em matéria de energia, em uma entrevista em Rio de Janeiro ontem. Mudanças precisariam da aprovação do Congresso, disse ela. 

Contra o Monopólio 

"Quando você tem a Petrobras como operadora única, você está limitando a capacidade", disse Landau, que foi apelidada de "dama de ferro das privatizações" pela imprensa brasileira depois de seu envolvimento na alienação de empresas públicas durante a década de 1990 no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso . "Isso restringe a concorrência." 

A Petrobras não quis comentar sobre a forma como uma vitória Neves teria impacto na empresa e na  indústria de refino. As regras existentes de maximizar a participação do país no setor, enquanto as empresas estrangeiras também são atraídas, Aloizio Mercadante, coordenador da campanha de Dilma Rousseff, disse por e-mail: 

"Queremos que a Petrobras seja a única operadora, e ela será capaz de desenvolver a pesquisa altamente científica e da inovação, e usar toda a cadeia industrial de gás e petróleo", disse Mercadante em resposta a perguntas da Bloomberg sobre a área do pré-sal. 

'Não Valorizados "

"As empresas estrangeiras não são valorizados por este governo, como se elas não fossem muito relevante", disse ela. 

Dilma tem apontado para mais de 500.000 barris por dia de nova produção da área do pré-sal durante sua administração e garantiu que esses limites de preços de combustível protegeram os consumidores da volatilidade nos mercados internacionais de petróleo. Ela prevê ganhos de inclusão rápidas que vão ajudar os financiamentos dos programas sociais e reduzir a pobreza no país mais populoso da América Latina. 

A eliminação dos subsídios aos combustíveis que custaram à Petrobras pelo menos 60 bilhões de reais no primeiro mandato de Dilma Rousseff iria aumentar o lucro da empresa e sua capacidade de comprar bens e serviços de fornecedores como a Halliburton, de acordo com o Instituto Brasileiro de Petróleo, ou IBP, um grupo que faz lobby para a indústria. 



Trabalhadores perdem -  

Em meados de 2010, Halliburton Chief Executive Officer David Lesar disse que a receita do Brasil cresceu quase 30 por cento, a empresa investiu em infra-estrutura. Em janeiro, ele disse que as empresas de serviços foram "à procura de alívio", após a atividade de perfuração caiu abaixo das expectativas. 

Halliburton não quis comentar sobre o possível impacto de uma vitória Neves. 

"Os produtos de classe mundial e serviços convenientes também precisam ser competitivo em preço", disse vice-presidente da Shell para novos negócios nas Américas Jorge Santos Silva, durante uma conferência de petróleo offshore no mês passado. "Um dos maiores desafios que a indústria enfrenta é como ajudar os fornecedores locais e desenvolver produtos e serviços", disse ele. 

A Shell está sempre disposta a trabalhar com representantes do governo em que atua e prefere não comentar sobre eleições, ele disse em uma resposta por e-mail. 

Brasil está perdendo trabalhadores qualificados de petróleo para outros países por causa de cancelamentos ou atrasos do projeto, disse Paulo Cesar Martins, o chefe da associação Abespetro de empresas de serviços offshore de petróleo, na mesma conferência. 

As companhias petrolíferas precisam mais rodadas de licitação regulares para manter a equipe e os investimentos no Brasil, disse ele. O número de sondas de perfuração operados por outras empresas que não a Petrobras caiu para três de 17, em 2010, ele disse. 

'Deus é brasileiro' 

Fernando Henrique Cardoso, o ex-presidente, quebrou o monopólio da Petrobras na exploração e produção de petróleo em 1997 e garantiu os primeiros blocos leiloados sob um modelo de concessão em 1999 através de leilões de exploração então realizada no Brasil a cada ano até 2008. 

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que os depósitos maciços de petróleo demonstraram que "Deus é brasileiro" e decidiu que a companhia nacional de petróleo seria responsável por todos os projetos futuros na região. Lula suspendeu licenças offshore para manter reservas de petróleo recém-descobertas do Brasil sob o controle do governo por meio da Petrobras, e no Brasil não ofereceu desde então qualquer área de exploração no mar até 2013. 

Em 2007, Lula e Dilma, sua ministra da Energia e depois chefe de gabinete, começou a planejar a legislação para permitir que o governo, por meio do controle da Petrobras, controlasse o ritmo de desenvolvimento. Sabendo que custaria centenas de bilhões de dólares para desenvolver a região do pré-sal, eles ainda queriam empresas estrangeiras para ajudar a produção de finanças como sócios minoritários, sem poder de definir orçamentos ou decidir onde perfurar. 

Líder -  

A legislação resultante era algo nunca visto antes na indústria. As empresas petrolíferas são livres para formar consórcios e fazer lances contra a Petrobras. Se eles vencerem precisam convidar o ex-rival para se juntar ao grupo, com uma participação de 30 por cento e conceder-lhe o controle sobre as decisões do dia-a-dia. Nenhuma empresa fez lances contra a Petrobras, quando o Brasil colocou o modelo à prova. Ela leiloou os direitos para produzir em Libra, um campo de exploração, segurando quase o equivalente a atuais reservas provadas brasileiras, e apenas um grupo liderado pela Petrobras colocou uma oferta. 

"Monopólio" do produtor estatal sobre o pré-sal precisa ser revisto, disse Adriano Pires, o consultor e co-autor do plano de exploração de óleo de Neves e mesmo que não detenha uma posição na campanha, disse em uma entrevista por telefone do Rio: 

"A Petrobras não pode ser um instrumento de política", disse Pires. "Muita coisa tem de mudar."



Fonte:  Shell to Halliburton Seen Winning With Brazil’s Neves - Bloomberg -   Oct 10, 2014 5:37 PM GMT-0300

Tio Sam embala a Campanha do PSDB, o nosso Pai Tomás da Senzala chamada Brazil




QUEM PENSAVA QUE A SITUAÇÃO É SÉRIA, SE ENGANOU, ELA É BEM PIOR. 

Este texto foi produzido graças a colaboração do companheiro Henrique Brito. Não se tratam de questões básicas que permeiam o debate político e nem o retrocesso e até mesmo o Pré-Sal. O nosso maior inimigo não é a Rede Globo e nem a Coligação Todos Contra Dilma. 

O nosso maior inimigo chama-se Barak Obama. O Sir. Barak Obama anda muito preocupado com os avanços dos regimes polulares na América Latina, de olho no Pré-Sal e principalmente no NIÓBIO. O nióbio é um elemento químico usado principalmente em ligas de aço para tubos condutores de fluídos. O Brasil é o maior produtor de nióbio e ferronióbio e responsável por 75 % da produção mundial. Até o século XX o nióbio não era muito comercializado. Hoje é importantíssimo na produção de chapas especias para gasodutos e dá grande resistência. Entre outras propriedades, o nióbio tem forte estabilidade térmica e importante para supercondutores, motores de avião e de propulsão de foguetes. É também utilizado na soldagem nuclear, eletrônica, óptica, numismática e produção de joias. Suporta altas correntes necessárias em equipamentos de alta potência. É também usado nas chapas para veículos, tornado mais leves e menos poluentes e até na medicina. Brasil e Canadá são os maiores países onde se encontra o minério, porém as reservas do Brasil é infinitamente maior. Atualmente o maior depósito de carbonatita está em Araxá - Minas Gerais, extraído pela CBMM (Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração) e outro está localizado em Catalão - Goiás e extraído pela Anglo American através da subsidiária Mineração Catalão. As duas correspondem a 75% da produção mundial. Foram descobertas no Brasil novas minas em Rodônia dentro de fazendas privatizadas e estudos já indicam que todo subsolo do Pará está tomado por minas de NIÓBIO. Além de suas propriedades o nióbio tem larga aceitação na indústria por ser barato e encontrado em grande abundância no Brasil. Apesar da informações precisas e confirmadas cientificamente, ainda existe muita lenda e especulação sobre o assunto. 

A verdade fica cada vez mais evidenciada pelas disputas políticas dos locais onde existem as minas de nióbio e o interesse dessas regiões pelos Estados Unidos. Uma das questões que não admitem é o monopólio do Brasil sobre esse importante mineral. 

Aí surgem perguntas que ficam no ar: Porque os Estados Unidos recentemente espionaram o Brasil? Porque Barak Obama não quer a eleição de Dilma? Porque o PSDB, com  o histórico da maior Privatização do Brasil querem a todo custo voltar ao poder e já anunciam a mesma política praticada pelo Imperador Dom Fernando Henrique Cardoso? São questões que estão no ar. De acordo com minha opinião é mais um motivo para não eleger Aécio Neves e o perigo que ele representa para soberania nacional. Será que já não basta o triste capítulo da nossa história chamado A Privataria Tucana? Brasileiros, reflitam, é muito importante nosso voto em Dilma 13 e demonstrar nosso apoio de todas as formas. 

Edson Oliveira. - Sociólogo. Em 16.10.2014.





domingo, 5 de outubro de 2014

BRICS sob Ameaça diz Fidel




Fidel Castro en su nuevo artículo reprocha el "drama" que suele crear EE.UU. en otros países entre ellos Cuba y alaba el bloque BRICS que representa un poder para contrarrestar intentos de "recolonizar el planeta".

"El espíritu heroico del pueblo ruso, que unido a sus hermanos del resto de la URSS ha sido capaz de preservar una fuerza tan poderosa que junto a la República Popular China y países como Brasil, India y Sudáfrica, constituyen un grupo con el poder necesario para frenar el intento de recolonizar el planeta",  destaca el revolucionario cubano en un artículo "Los héroes de nuestra época" en el periódico estatal 'Granma'.


"A partir del drama creado en nuestro país por Estados Unidos en aquella fecha, sin otro objetivo que frenar el riesgo de limitados avances sociales que pudieran alentar futuros de cambios radicales en la propiedad yanki en que había sido convertida Cuba, se engendró nuestra Revolución Socialista", señala Fidel Castro.

Los países latinoamericanos, con un mínimo de honrosas excepciones, se lanzaron tras las migajas ofrecidas por Estados Unidos


"Los países latinoamericanos, con un mínimo de honrosas excepciones, se lanzaron tras las migajas ofrecidas por Estados Unidos; por ejemplo, la cuota azucarera de Cuba, que durante casi un siglo y medio abasteció a ese país en sus años críticos, fue repartida entre productores ansiosos de mercados en el mundo", dijo.

El ex mandatario cubano explica que dos sucesos le impulsaron a escribir el análisis: la partida de la primera Brigada Médica Cubana hacia África para luchar contra el Ébola y el brutal asesinato en Venezuela del joven diputado revolucionario Robert Serra.


"Ambos hechos reflejan el espíritu heroico y la capacidad de los procesos revolucionarios que tienen lugar en la Patria de José Martí y en la cuna de la libertad de América, la Venezuela heroica de Simón Bolívar y Hugo Chávez", destaca Fidel Castro.

No podría jamás creer que el crimen del joven diputado venezolano sea obra de la casualidad  


El revolucionario cubano expresa su apoyo a Venezuela y aboga por la necesidad de investigar cuidadosamente el crimen. "No podría jamás creer que el crimen del joven diputado venezolano sea obra de la casualidad. Sería tan increíble, y de tal modo ajustado a la práctica de los peores organismos yankis de inteligencia, que la verdadera casualidad fuera que el repugnante hecho no hubiera sido realizado intencionalmente, más aún cuando se ajusta absolutamente a lo previsto y anunciado por los enemigos de la Revolución Venezolana", indicó.

Además,  Fidel Castro  indicó de estar orgulloso por el hecho de que los médicos cubanos se unieron al combate contra el ébola y llamó a luchar contra la enfermedad al unísono.


"El envío de la primera Brigada Médica a Sierra Leona, señalado como uno de los puntos de mayor presencia de la cruel epidemia de Ébola, es un ejemplo del cual un país puede enorgullecerse, pues no es posible alcanzar en este instante un sitial de mayor honor y gloria", subrayó.

"Ojalá el ejemplo de los cubanos que marchan al África prenda también en la mente y el corazón de otros médicos en el mundo, especialmente de aquellos que poseen más recursos, practiquen una religión u otra, o la convicción más profunda del deber de la solidaridad humana", indica Castro.


terça-feira, 16 de setembro de 2014

Noam Chomsky - A Ditadura da Informação

Noam Chomsky: Por que os americanos sabem muito sobre esportes, mas tão pouco sobre Assuntos Mundiais

A forma como o sistema está configurado, de qualquer maneira, não há praticamente nada que as pessoas possam fazer para influenciar o mundo real.

15 setembro, 2014 |

O que se segue é um breve trecho de um clássico de muitas obras publicadas por Noam Chomsky, "O Leitor Chomsky" , que oferece uma perspectiva única sobre uma questão que vale a pena perguntar - como é que nós, como um povo, pode conhecer tanto os meandros de vários esportes e equipes, e ainda ser colossalmente ignorante sobre nossas diversas atividades no estrangeiro?



PERGUNTA: Você escreveu sobre a maneira como os ideólogos profissionais e os mandarins ofuscam a realidade. E você afirmou - em alguns lugares, que você denomina isso de um "senso comum cartesiano" - das capacidades de senso comum de pessoas. Na verdade, você coloca uma ênfase significativa nesse senso comum quando você revela os aspectos ideológicos dos argumentos, especialmente nas ciências sociais contemporâneas. O que você quer dizer com o senso comum? O que significa em uma sociedade como a nossa? Por exemplo, você escreveu que, dentro de uma sociedade altamente competitiva, fragmentada, é muito difícil para as pessoas tomar consciência de quais são seus interesses. Se você não é capaz de participar no sistema político de forma significativa, se você está reduzido ao papel de espectador passivo, então que tipo de conhecimento que você tem? Como pode o senso comum surgir neste contexto?

Chomsky: Bem, deixe-me dar um exemplo. Quando estou dirigindo, às vezes ligo o rádio e muitas vezes o que ouço é uma discussão de esportes. Trata-se de conversas telefônicas. As pessoas ligam para a emissora e tem discussões longas e intrincadas, e é claro, num nível bastante elevado de pensamento e análise é nacessário para isso. As pessoas sabem de uma quantidade enorme de informações. Elas sabem todos os tipos de detalhes complicados e entram em profunda discussão sobre se o treinador tomou a decisão certa ontem e assim por diante. Estas são as pessoas comuns, não profissionais, que estão aplicando suas habilidades de inteligência e análise nessas áreas e acumulando um monte de conhecimento e, pelo que sei, a compreensão. Por outro lado, quando ouço as pessoas falarem sobre, digamos, relações internacionais ou problemas domésticos, é a um nível de superficialidade inacreditável.
 
Em parte, essa reação pode ser devido a minhas próprias áreas de interesse, mas eu acho que é bastante precisa, basicamente. E eu acho que esta concentração em temas como esportes faz um certo grau de sentido. A forma como o sistema está configurado, não há praticamente nada que as pessoas podem fazer de qualquer maneira, sem um grau de organização que é muito além do que existe agora, para influenciar o mundo real. Eles poderiam muito bem viver em um mundo de fantasia, e isso é, de fato, o que eles fazem. Tenho certeza que eles estão usando seu bom senso e habilidades intelectuais, mas em uma área que não tem sentido e provavelmente prospera porque não tem sentido, como o deslocamento dos graves problemas que não se pode influenciar e afetar porque o verdadeiro poder de decisão acontece noutro local.
 
Agora parece-me que a mesma habilidade intelectual e capacidade de compreensão e de acumulação de provas e obtenção de informações e pensar sobre problemas poderiam ser usadas ​​- de forma efetiva - sob diferentes sistemas de governança que envolvem a participação popular na tomada de decisões importantes, em áreas que realmente importam para a vida humana. Há questões que são difíceis. Há áreas em que você precisa de conhecimento especializado. Eu não estou sugerindo uma espécie de anti-intelectualismo. Mas o ponto é que muitas coisas podem ser entendidas muito bem sem um grande alcance, conhecimento especializado. E, de fato, mesmo um conhecimento especializado nestas áreas não está fora do alcance de pessoas que por acaso se interessem.


PERGUNTA: Você acha que as pessoas são inibidas pela especialização excessiva ?


CHOMSKY: Há também especialistas sobre futebol, mas essas pessoas não se inibem perante eles. As pessoas que acodem nas ligações se expressam com total confiança. Eles não se importam se não concordam com o treinador ou qualquer outro perito local. Eles têm a sua própria opinião e conduzem discussões inteligentes. Eu acho que é um fenômeno interessante. Agora eu não acho que os assuntos internacionais ou domésticos são muito mais complicados. E o que passa por grave discurso intelectual sobre estas questões não reflete qualquer nível mais profundo de compreensão ou conhecimento.

Encontra-se algo semelhante no caso das chamadas "culturas primitivas". O que você encontra muito frequentemente é que certos sistemas intelectuais foram construídos com complexidade considerável, com técnicos especializados que sabem tudo sobre o assunto e outras pessoas que não o entendem muito bem e assim por diante. Por exemplo, os sistemas de parentesco são elaborados com enorme complexidade. Muitos antropólogos têm tentado mostrar que isso tem alguma utilidade funcional na sociedade. Mas uma função pode ser apenas intelectual. É uma espécie de matemática. Estas são áreas onde você pode usar sua inteligência para criar sistemas complexos e intrincados e elaborar suas propriedades praticamente como nossa forma de fazer matemática. Eles não têm matemática e tecnologia; eles têm outros sistemas de riqueza cultural e complexidade similar. Eu não quero exagerar a analogia, mas algo semelhante pode estar acontecendo aqui.
 
O atendente de posto de gasolina que quer usar sua mente não vai perder seu tempo com assuntos internacionais, porque é inútil; ele não pode fazer nada sobre isso de qualquer maneira, e ele pode aprender as coisas desagradáveis ​​e até mesmo entrar em apuros. Assim, ele poderia muito bem fazê-lo onde é divertido, e não ameaçador - o futebol profissional ou basquete ou algo parecido. Mas suas habilidades estão sendo utilizadas ​​e a compreensão está lá e a inteligência está lá. Uma das funções que direcionam para as práticas do esporte profissional, em nossa sociedade, e outros assuntos semelhantes, servem para oferecer uma área de interesse e desviar a atenção das pessoas de coisas que são realmente importantes, para que as pessoas no poder possam fazer o que importa, sem interferência pública.
 
PERGUNTA: Eu perguntei antes se as pessoas são inibidas pela aura de especialização. Pode-se virar esse jogo - são os especialistas e intelectuais que têm medo de pessoas que poderiam aplicar a inteligência do esporte para suas próprias áreas de competência em assuntos externos, ciências sociais, e assim por diante?

CHOMSKY: Eu suspeito que isso é bastante comum. As áreas de investigação que têm a ver com problemas de interesse humano imediato não acontecem de ser particularmente profundas ou inacessíveis para as pessoas comuns sem nenhum treinamento especial que se dão ao trabalho de aprenderem alguma coisa sobre eles. Comentários sobre assuntos públicos de interesse na literatura "mainstream" é muitas vezes superficial e desinformado. Todo mundo que escreve e fala sobre esses assuntos sabe o quanto você pode targiversar desde que se mantenha perto da doutrina oficial. Tenho certeza que quase todo mundo explora esses privilégios. Eu faço isso. Quando me refiro a crimes nazistas ou atrocidades soviéticas, por exemplo, eu sei que eu não vou ser chamado para fazer o backup do que eu digo, mas um amplo e detalhado conhecimento acadêmico é necessário se eu disser qualquer coisa crítica sobre a prática de um dos "Estados Sacros": os próprios Estados Unidos ou Israel, desde que foi consagrado assim pela intelligentsia após a sua vitória de 1967. Esta liberdade sobre a exigência de provas ou mesmo de racionalidade é muito conveniente, como qualquer leitor informado das revistas de opinião pública, ou mesmo a maior parte da literatura acadêmica, irá descobrir rapidamente. Ela torna a vida fácil, e permite a expressão de uma boa dose de absurdo ou preconceito ignorante com toda impunidade, e também a pura calúnia. A evidência é desnecessária, o argumento irrelevante. Assim, uma acusação padrão contra os dissidentes americanos ou até mesmo os liberais americanos - Eu tenho sido citado em não poucos casos, e a imprensa divulgou muitos outros - é que eles afirmam que dissemos que os Estados Unidos são a única fonte de mal no mundo ou outra semelhante idiotice; a convenção é que essas acusações são totalmente legítimas quando o alvo é alguém que não marcha nas paradas adequadas, e elas são, portanto, produzidas sem sequer uma pretensão de provas. A adesão à linha do partido confere o direito oficial de agir de uma forma que iria ser devidamente considerada escandalosa se fosse recebido por parte de qualquer crítico dessas ortodoxias do pensamento comum. Demasiada consciência pública pode levar a uma demanda que padrões de integridade que devem ser cumpridos, o que certamente iria ocasionar um monte de focos de destruição, e demandaria a queda de reputações.

O direito de mentir ao serviço do poder é guardado com vigor e paixão considerável. Isso se torna evidente quando alguém se dá ao trabalho de demonstrar que as acusações contra algum inimigo oficial são imprecisas ou, às vezes, pura invenção. A reação imediata entre os comissários de opinião é a pessoa ser um apologista dos crimes reais de inimigos oficiais. O caso do Camboja é um exemplo notável. Que os Khmer Vermelho eram culpados de atrocidades horríveis foi posta em dúvida por ninguém, para além de algumas seitas maoístas marginais. Também é verdade, e facilmente documentado, que a propaganda ocidental apoderou-se destes crimes com grande prazer, explorando-os ao apresentar uma justificação retrospectiva pelas atrocidades ocidentais, e uma vez que as normas são inexistentes quando em uma causa tão nobre, também produziu um recorde de fabricação e engano que é bastante notável. A demonstração cabal deste fato provocou uma enorme indignação, junto com um fluxo de novas e bastante espetaculares mentiras, como Edward Herman e eu, entre outros, têm documentado. A questão é que o direito de mentir ao serviço do Estado estava sendo desafiado, e isso é um crime indizível. Da mesma forma, qualquer um que salienta que algumas acusações contra Cuba, Nicarágua, Vietnã, ou algum outro inimigo oficial é duvidosa ou falsa será imediatamente rotulado como um apologista de crimes reais ou supostos, uma técnica útil para garantir que as normas racionais não serão impostas aos comissários de opinião e que não haverá nenhum impedimento para o seu serviço leal ao poder. O crítico normalmente tem pouco acesso aos meios de comunicação, e as consequências pessoais para o crítico são suficientemente irritantes para o dissuadir de seguir este curso, principalmente porque algumas revistas - a Nova República, por exemplo - podem afundar até o nível máximo de desonestidade e covardia, recusando-se regularmente permitir até mesmo o direito de resposta às calúnias que publicam. Por isso, o sagrado direito de mentir é provável que seja preservado sem alguma ameaça tão séria. Mas as coisas poderiam ser diferentes se os setores não-confiáveis ​​do público fossem admitidos para a arena de discussão e debate.
 
A aura de suposta perícia também fornece uma ferramenta para o sistema de doutrinação prestar os seus serviços ao poder, mantendo uma imagem útil da indiferença e da objetividade. Os meios de comunicação, por exemplo, podem se utilizar de especialistas acadêmicos para fornecer a perspectiva do que é exigido pelos centros de poder, e o sistema universitário é suficientemente obediente à influência externa para que peritos adequados estejam geralmente disponíveis para emprestar o seu prestígio de bolsa de estudos para preencher o intervalo estreito de opinião autorizada e expressão ampla. Ou quando este método falhar - como no caso atual da América Latina, por exemplo, ou na disciplina emergente de terrorologia - uma nova categoria de "especialistas" pode ser estabelecido que pode ser confiável para fornecer os pareceres aprovados que os meios de comunicação não podem expressar diretamente, sem abandonar a pretensão de objetividade que serve para legitimar a sua função de propaganda. Tenho documentado vários exemplos, como outros têm.
A estrutura de aliança das profissões envolvidas com assuntos públicos também ajuda a preservar a pureza doutrinária. Na verdade, ela é guardada com muito empenho. Minha experiência pessoal é talvez relevante. Como mencionei anteriormente, eu não tenho as credenciais profissionais habituais em qualquer campo, e meu próprio trabalho tem variado de uma forma bastante ampla. Há alguns anos, por exemplo, eu fiz alguns trabalhos em lingüística, matemática, e teoria de autômatos, e, ocasionalmente, dou palestras como convidado em matemática ou colóquios de engenharia. Ninguém teria sonhado de desafiar minhas credenciais para falar sobre esses temas - que eram zero, como todos sabiam; o que teria sido ridículo. Os participantes estavam preocupados com o que eu tinha a dizer, mesmo não tendo o direito de dizê-lo. Mas quando eu falo, por exemplo, sobre assuntos internacionais, sou constantemente desafiado a apresentar as credenciais que me autorizam a entrar nessa augusta arena, nos Estados Unidos, pelo menos - em outros lugares não. É justamente uma generalização, penso que, quanto mais uma disciplina tem substância intelectual, menos ela tem que se proteger do escrutínio, por meio de sua estrutura de aliança. As consequências no que diz respeito à sua pergunta é bastante óbvia.

PERGUNTA: O senhor disse que a maioria dos intelectuais acabam ofuscando a realidade. Eles entendem a realidade que eles estão ofuscando? Eles entendem os processos sociais que mistificam?

CHOMSKY: A maioria das pessoas não são mentirosas. Elas não podem tolerar muita dissidência cognitiva. Eu não quero negar que existem mentirosos definitivamente, apenas alguns propagandistas de bronze. Você pode encontrá-los no jornalismo e nas profissões acadêmicas também. Mas eu não acho que é a norma. A norma é a obediência, a adoção de atitudes acríticas, tomando o caminho mais fácil de auto-engano. Eu acho que há também um processo seletivo nas profissões acadêmicas e no jornalismo. Ou seja, as pessoas que são de mente independente e não são confiáveis para serem obedientes, de um modo geral, são muitas vezes filtradas ao longo do caminho. [...]
 
 

From The Chomsky Reader, conforme publicado no site pessoal de Noam Chomsky. (Serpents Tails Publishing, 1988).

Fonte: http://www.alternet.org/noam-chomsky-why-americans-know-so-much-about-sports-so-little-about-world-affairs?paging=off&current_page=1#bookmark