Um produto ideológico faz parte de uma realidade (natural ou social ) como todo o corpo físico, instrumento de produção ou produto de consumo; mas, ao contrário destes, ele também reflete e retrata uma realidade, que lhe é exterior. Tudo o que é ideológico possui um significado e remete a algo situado fora de si mesmo. Em outros termos, tudo o que é ideológico é um signo. Sem signos não existe ideologia
(Mikhail Bakhtin, Marxismo e Filosofia de Linguagem)
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sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Nilson Lage - De Maidan com Ódio em Tempos de Fúria.





Texto: Nilson Lage - Professor Titular na UFSC e Professor da UFRJ

O golpe em curso no Brasil ocorre em várias frentes, protegido por uma estrutura legal que fragiliza o Estado e acionado com o apoio direito e indireto de várias instituições. Internamente, os operadores atuam sob cobertura diplomática e de acordos internacionais: via ongs, fundações de aparência beneficente e organizações acadêmicas de atuação ambígua. Contam com a colaboração de gerentes e intermediários em negócios com comando multinacional.

Diretamente, o apoio provém do oligopólio de mídia, que depende de financiamento e publicidade coordenados por hubs politicamente comprometidos e está orquestrado, do ponto de vista editorial, com o congêneres em toda a América Latina, desde o tempo da guerra fria; e de organizações, empresarias ou não, incorporadas aos "centros frouxos" que controlam as finanças globais.

Indiretamente, a sustentação é dada pelas oligarquias formadas com base em antigas estruturas de exportação de produtos primários (e cuja ideologia aparece esporadicamente nos empreendimentos agropecuários modernos); pelas corporações de ofício controladas por grupos enriquecidos (advogados, médicos); e por forças políticas alijadas do poder e que o ambicionam.

A instrumentação compreende dos antigos "institutos de pesquisa" (o Millenium, que reproduz o IPES), modernas unidades ativistas inspiradas formadas por pessoas jovens (oriundas de associações locais de marginais urbanos, academias de fisicultura, formações paramilitares etc.) que reproduzem, pelos métodos,e organização celular e técnicas utilizadas no movimento nazista.



A retórica se apoia no Princípio da Simplificação e do Inimigo Único (Domenach, 1958), em que se massifica (Princípio da Repetição e da Orquestração, idem) uma só versão dos fatos e se nomeiam ideologias a combater vagamente definidas (o sionismo, o terrorismo, o bolivarianismo, o lulopetismo) e pessoas que as incorporam (Hitler, Stalin, Saddam, Gadaffi, Getúlio, Lula).

O controle de opinião pública - motor do desenvolvimento de estudos de ponta em comunicação, psicologia .social e sociologia - vem sendo desenvolvido há décadas em instituições universitárias com grandes recursos financeiros e humanos (sobre isso escrevi um livro, há cerca de vinte anos).

Surge agora, com base nas experiências de campo feitas no Oriente Médio e Europa Central desde a implosão a Iugoslávia ("Primavera Árabe", "Operação Laranja", "Euromaidan" etc.), literatura crítica sobre os resultados. É o caso do texto citado.



http://www.academia.edu/9695687/Who_Were_the_Protesters_EuroMaidan_findings_are_based_on_only_multi-day_original_survey_of_the_protesting_population_


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