Um produto ideológico faz parte de uma realidade (natural ou social ) como todo o corpo físico, instrumento de produção ou produto de consumo; mas, ao contrário destes, ele também reflete e retrata uma realidade, que lhe é exterior. Tudo o que é ideológico possui um significado e remete a algo situado fora de si mesmo. Em outros termos, tudo o que é ideológico é um signo. Sem signos não existe ideologia
(Mikhail Bakhtin, Marxismo e Filosofia de Linguagem)
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quinta-feira, 27 de junho de 2013

É de Chorar nos KANTinhos - Crítica da Razão Burra


CRÍTICA DA RAZÃO IMPURA OU O PRIMADO DA IGNORÂNCIA





Em crítica da razão impura ou O primado da Ignorância, Millôr Fernandes faz uma análise minuciosa de dois livros publicados por dois ilustres políticos e escritores brasileiros: José Sarney (Brejal dos Guajas) e Fernando Henrique Cardoso (Dependência e Desenvolvimento na América Latina). Ambos também ilustres presidentes da República. Sem entrar no mérito de suas atividades políticas, Millôr entra – e profundamente – no mérito de suas, digamos assim, experiências literárias. O resultado é um livro altamente elucidativo, o que, diga-se de passagem, não é o caso dos textos examinados.

Antes de debruçar-se sobre esta crítica literária, Millôr Fernandes publicou meia centena de livros, colaborou em todos os veículos de comunicação importantes do país nos últimos 50 anos, criou, traduziu e adaptou exatamente 117 peças de teatro, além de ter produzido uma das obras gráficas mais importantes entre os desenhistas, caricaturistas, ilustradores e humoristas brasileiros.
Ah, Millôr é considerado por muitos o maior galhofeiro nacional.


Trechos do livro Crítica da Razão Impura ou o Primado da Ignorância de Millôr Fernandes:

Sobre Dependência e Desenvolvimento na América Latina, de Fernando Henrique Cardoso:

"(...) De uma coisa ninguém podia me acusar – de ter perdido meu tempo lendo FhC (superlativo de PhD). Achava meu tempo melhor aproveitado lendo o Almanaque da Saúde da Mulher. Mas quando o homem se tornou vosso Presidente, achei que devia ler o Mein Kampf (Minha Luta, em tradução literal) dele, quando lutava bravamente, no Chile, em sua Mercedes (‘A mais linda Mercedes azul que vi na minha vida’, segundo o companheiro Weffort, na tevê, quando ainda não sabia que ia ser Ministro), e nós ficávamos aqui, numa boa, papeando descontraidamente com a amável rapaziada do Dops-Doi-Codi. (...)"

Sobre Brejal dos Guajas, de José Sarney:

"(...) Brejal dos Guajas só pode ser considerado um livro porque, na definição da Unesco, livro ‘é uma publicação impressa não-periódica com um mínimo de 49 páginas’. O Brejal tem 50. Materialmente, Sir Ney excedeu-se em uma página. Contam os íntimos que o ‘escritor’, depois de vinte anos de esforço, bateu o ponto final na página 50 e gritou, aliviado, pra dona Kyola: ‘Mãiê, acabei!’(...)"

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