Um produto ideológico faz parte de uma realidade (natural ou social ) como todo o corpo físico, instrumento de produção ou produto de consumo; mas, ao contrário destes, ele também reflete e retrata uma realidade, que lhe é exterior. Tudo o que é ideológico possui um significado e remete a algo situado fora de si mesmo. Em outros termos, tudo o que é ideológico é um signo. Sem signos não existe ideologia
(Mikhail Bakhtin, Marxismo e Filosofia de Linguagem)
Alguns comentários sobre o meio e a mensagem na internet.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Brincando de Fim de Mundo - Do Coração das Trevas.

Washington prepara-se para a guerra



02.Jul.14 :: Outros autores

A destruição de sete países na sua totalidade ou em parte pelo Ocidente, no século XXI, com o apoio da “civilização ocidental” e os média ocidentais constitui uma prova poderosa de que a liderança do mundo ocidental não tem consciência moral e compaixão. Agora que Washington está armada com a sua falsa doutrina de “supremacia nuclear”, as perspectivas para a Humanidade são negras.



Gostaria de ter apenas boas notícias para os leitores, ou mesmo uma única boa notícia. Infelizmente, a generosidade deixou de ser uma característica da política externa dos EUA, e não conseguimos encontrá-la nas palavras ou nos actos que emanam de Washington ou das capitais dos seus estados vassalos na Europa. O mundo ocidental sucumbiu ao mal.


Num artigo publicado pela Op-Ed News, Eric Zuesse subscreve o relato com indicações de que Washington se prepara para um primeiro ataque nuclear contra a Rússia.




Washington foi convencida pelos neoconservadores de que as forças estratégicas nucleares da Rússia estão decadentes, inoperacionais e são um alvo fácil. Esta crença falsa baseia-se em informações desactualizadas, já com uma década, tal como o argumento apresentado por Keir A. Lieber e Daryl G. Press em “The Rise of U.S. Nuclear Primacy” no número de Abril de 2006 da Foreign Affairs, uma publicação do Council of Foreign Relations, uma organização das elites norte-americanas.




Independentemente do estado em que estão as forças nucleares russas, quanto ao sucesso do primeiro ataque dos EUA e o grau de protecção do escudo antimísseis balísticos norte-americano face à retaliação, o artigo de Steven Starr que publiquei, “A Mortalidade das Armas Nucleares”, torna claro que a guerra nuclear não conhece vencedores, apenas mortos.




Num artigo publicado no número de Dezembro de 2008 da Physics Today, três cientistas do clima apontam que mesmo a redução substancial em arsenais nucleares que se esperava atingir com o Tratado para Reduções das Armas Ofensivas Estratégicas (SORT), de 70 000 ogivas nucleares, em 1986, para 1700-2200 em finais de 2012, não reduziu a ameaça que a guerra nuclear representa para a vida na Terra. Os autores concluem que, para além dos efeitos imediatos dos ataques, de centenas de milhões de vidas humanas, “os efeitos indirectos iriam provavelmente eliminar a maioria da população humana”. O fumo estratosférico das explosões causaria o Inverno nuclear e colapso da agricultura. Aqueles que não morressem nos ataques ou radiação morreriam à fome.




Ronald Reagan e Mikhail Gorbatchev compreenderam isto. Infelizmente nenhum governo dos EUA desde então compreendeu. No que diz respeito a Washington, morte é o que acontece aos outros, não ao “povo excepcional”. (O acordo SORT aparentemente falhou. De acordo com o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo, os nove estados com armas nucleares ainda possuem um total de 16.300 armas nucleares.

http://rt.com/news/166132-nuclear-weapons-report-obama/)


É um facto que Washington tem decisores políticos que pensam, erradamente, que a guerra nuclear pode ser ganha e que encaram a guerra nuclear como um meio de prevenir a ascensão da Rússia e da China como ameaças à hegemonia de Washington no mundo. O governo dos EUA, independentemente do partido que estiver no poder, é uma ameaça maior à vida na Terra. Os governos europeus, que se tomam por civilizados, de facto não o são, pois permitem a corrida de Washington pela hegemonia. É esta corrida que ameaça a vida com a extinção. A ideologia que atribui a supremacia à “América excepcional e indispensável” é uma enorme ameaça para o mundo.

A destruição de sete países na sua totalidade ou em parte pelo Ocidente, no século XXI, com o apoio da “civilização ocidental” e os média ocidentais constitui uma prova poderosa de que a liderança do mundo ocidental não tem consciência moral e compaixão. Agora que Washington está armada com a sua falsa doutrina de “supremacia nuclear”, as perspectivas para a Humanidade são negras.

Washington começou a corrida para a III Guerra Mundial, e os europeus estão envolvidos. Há muito pouco tempo, a 22 de Novembro de 2012, o Secretário-geral da NATO, Rasmussen afirmou que a NATO não vê a Rússia como inimiga. Agora que o tolo que está na Casa Branca e os seus vassalos europeus convenceram a Rússia que o Ocidente é um inimigo, Rasmussen declarou que “temos de aceitar o facto de que a Rússia agora nos considera um adversário” e reforçar o exército da Ucrânia, bem como os da Europa de Leste e Central.

No mês passado, Alexander Vershbow, antigo embaixador dos EUA na Rússia, actualmente Secretário-geral adjunto da NATO, declarou que a Rússia era inimiga e disse que os contribuintes norte-americanos e europeus têm de ajudar a modernização militar “não apenas da Ucrânia, mas também da Moldávia, da Geórgia, da Arménia, do Azerbaijão.”

É possível encarar estes apelos a um aumento da despesa militar como o mero funcionamento normal dos agentes do complexo de segurança e militar dos EUA. Tendo perdido a “guerra contra o terrorismo” no Iraque e no Afeganistão, Washington precisa de um substituto e prepara-se para ressuscitar a Guerra Fria.

É provavelmente assim que a indústria das armas, os seus criados e muitos em Washington, vêem o problema. Mas os neoconservadores são mais ambiciosos. Não pretendem apenas mais lucro para o complexo militar e de segurança. O objectivo é a hegemonia de Washington no mundo, o que significa acções irresponsáveis, tais como a ameaça estratégica que o regime de Obama, com a cumplicidade dos seus vassalos europeus, apontou à Rússia, com a Ucrânia.

Desde o último Outono, o governo norte-americano mentiu completamente sobre a Ucrânia, culpando a Rússia pelas consequências das acções de Washington, diabolizando Putin do mesmo modo que diabolizou Kadhafi, Saddam Hussein, Assad, os Talibã, e o Irão. As prostitutas mediáticas e os capitais europeus têm apoiado estas mentiras e propaganda e repetem-na até à exaustão. Consequentemente, o público norte-americano em relação à Rússia tornou-se muito negativa.

Como pensam que a Rússia e a China encaram este problema? A Rússia viu a NATO chegar à sua fronteira, violando os acordos Reagan-Gorbatchev. Viu os EUA abandonar o tratado antimísseis balísticos e desenvolver um escudo “Guerra das Estrelas” (o facto de o escudo funcionar, ou não, é irrelevante. O objectivo do escudo é convencer os políticos e o público de que os norte-americanos estão a salvo.) A Rússia testemunhou a mudança do papel das armas nucleares na sua doutrina de guerra, desde a dissuasão até a primeiro ataque preventivo. E agora a Rússia ouve uma torrente diária de mentiras do Ocidente, e testemunha o massacre, por parte do vassalo de Washington em Kiev, de civis na Ucrânia russa, rotulados de “terroristas” pelos EUA, com armas como o fósforo branco, sem o mais pequeno protesto por parte do Ocidente.

Ataques massivos de artilharia e ataques aéreos a casas e apartamentos na Ucrânia russa foram levados a cabo no 25º aniversário de Tiananmen, enquanto Washington e os seus fantoches condenam a China por um acontecimento que não teve lugar. Como agora sabemos, não houve nenhum massacre na Praça Tiananmen. Foi apenas outra mentira de Washington, como a do incidente do Golfo de Tonquim, as armas de destruição massiva de Saddam Hussein, o uso de armas químicas por parte de Assad, as ogivas nucleares do Irão, etc. É um facto espantoso que o mundo viva numa falsa realidade criada pelas mentiras de Washington.

O filme Matrix é um retrato fiel da vida no Ocidente. A população vive numa falsa realidade criada para si pelos seus governantes. Um pequeno número de humanos escapou à falsa existência e empenham-se em trazer os seres humanos de volta à realidade. Resgatam Neo, “O Escolhido”, que sabem ter o poder de libertar os homens da falsa realidade em que vivem. Morpheus, o líder dos rebeldes, explica a Neo:


“O Matrix é um sistema, Neo. Esse sistema é nosso inimigo. Mas quando fazes parte dele, olhas à tua volta e o que vês? Homens de negócios, professores, advogados, carpinteiros. As mentes das pessoas que tentamos salvar. Mas até que possamos fazê-lo, essas pessoas continuam a ser uma parte desse sistema, e isso faze delas os nossos inimigos. Tens de compreender, a maioria dessas pessoas não está pronta para ser desligada. E muitas estão tão habituadas, tão dependentes do sistema, que irão lutar para o proteger.“

Tenho esta experiência cada vez que escrevo uma coluna. Os protestos por parte daqueles que estão determinados a não sair do sistema chegam em e-mails e nesses sítios da internet que expõem os seus autores aos comentários dos tontos alinhados com o governo, nas secções de comentários. Não acreditem na realidade autêntica, insistem eles, acreditem na falsa realidade.

Este Matrix engloba mesmo parte das populações russa e chinesa, especialmente os que foram educados no Ocidente e os mais susceptíveis à propaganda ocidental, mas, no conjunto, essas populações sabem a diferença entre as mentiras e a verdade. O problema, para Washington, é que a propaganda que prevalece nos povos ocidentais não prevalece nos governos russo e chinês.

Como crêem que a China reagiria se Washington declarasse o sul do Mar da China uma zona de interesse nacional para os EUA, enviasse 60% da sua vasta frota para o Pacífico e construísse novas bases aéreas e navais, das Filipinas ao Vietname?

Suponhamos que tudo o que Washington pretende é manter o financiamento dos contribuintes, para pagar o complexo militar e de segurança, que lava algum do dinheiro dos contribuintes e o remete para contribuições para campanhas políticas. Poderão a Rússia e a China correr o risco de interpretar as palavras e actos de Washington desta forma limitada?

Até agora os russos, e apenas os russos (e os chineses) se mantiveram razoáveis. Lavrov, o Ministro dos Estrangeiros, afirmou: “nesta fase, queremos dar aos nossos parceiros uma oportunidade para se acalmarem. Veremos o que acontece a seguir. Se continuarem as acusações totalmente infundamentadas contra a Rússia, se houver tentativas de nos pressionar com alavancagem financeira, então iremos reavaliar a situação.”

Se o tonto que ocupa a Casa Branca, as prostitutas mediáticas e os vassalos europeus convencerem a Rússia que a guerra está à espreita, então teremos mesmo guerra. Como não há quaisquer perspectivas da NATO poder montar uma ameaça convencional contra a Rússia que se compare com o tamanho e poder da invasão alemã em 1941, que acabou destruída, a guerra será nuclear, o que significará o fim de todos nós.

Tenhamos bem consciência disso, à medida que Washington e as suas prostitutas mediáticas fazem soar os tambores da guerra. Tenhamos também consciência de que uma longa história demonstra claramente que tudo o que Washington e as suas “presstitutes” nos dizem é uma mentira que serve uma agenda não declarada. Não podemos rectificar a situação votando nos Democratas em vez dos Republicanos ou nos Republicanos em vez dos Democratas.

Thomas Jefferson deu-nos a solução: “A árvore da liberdade deve ser renovada de tempos a tempos com o sangue dos patriotas e dos tiranos. É o seu alimento natural.”

Há poucos patriotas em Washington, mas há muitos tiranos.

Tradução: André Rodrigues


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