Por que Israel Mente -
3 de agosto de 2014
Israel divulga aquele tipo de mentira que deixa qualquer um de queixo caído, a que caracteriza os regimes despóticos e totalitários. Que não deturpa a verdade, inverte. Israel cria sistematicamente uma imagem para o resto do mundo que é diametralmente oposta à realidade. E todos nós, repórteres que cobrimos os territórios ocupados, já tivemos de engolir as narrativas israelenses de Alice no país das maravilhas, que obedientemente inserimos em nossas histórias – obrigatórias, segundo as regras do jornalismo estadunidense – apesar de sabermos que são falsas.
Eu vi meninos pequenos sendo atraídos e assassinados pelos soldados israelenses no campo de refugiados em Khan Yunis, em Gaza. Os soldados xingaram os meninos em árabe pelos alto-falantes do jipe blindado. Os meninos, de 10 anos, jogaram pedras no veículo israelense, e os soldados abriram fogo. Mataram alguns, feriram outros. Eu estava presente mais de uma vez quando as tropas israelenses atraíram e dispararam contra crianças palestinas dessa maneira. Esses incidentes, no léxico israelense, se transformaram em “crianças em meio ao fogo cruzado”.
Eu estava na cidade de Gaza quando caças F-16 lançaram bombas de fragmentação de 460 kg em comunidades superpovoadas. Vi os corpos das vítimas e havia crianças também. Isso se transformou em “ataque cirúrgico a uma fábrica de bombas”.
Eu vi Israel demolir casas e prédios de apartamentos inteiros para criar zonas-tampão maiores entre os palestinos e as tropas israelenses que sitiam Gaza. Eu entrevistei as famílias sem-teto, algumas acampadas em abrigos precários no meio das ruínas. Essa destruição se transformou em “demolição de casas de terroristas”.
Eu estive em escolas destruídas – Israel bombardeou duas escolas da ONU nos últimos 6 dias, matando pelo menos 10 pessoas em uma, em Rafah no domingo, e pelo menos 19 em outra, no campo de refugiados em Jebaliya na quarta-feira, além de clínicas médicas e mesquitas. Eu ouvi Israel afirmar que foguetes ou morteiros dos palestinos provocaram essas e outras mortes, ou que os locais bombardeados estavam sendo usados como depósitos de armamentos e como áreas de disparos.
Eu e todos os outros repórteres que conheço que trabalham em Gaza jamais vimos qualquer prova de que o Hamas usa civis como “escudos humanos”.
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Bombardeio Aéreo de Israel em Rafah sobre populações civis |
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