Um produto ideológico faz parte de uma realidade (natural ou social ) como todo o corpo físico, instrumento de produção ou produto de consumo; mas, ao contrário destes, ele também reflete e retrata uma realidade, que lhe é exterior. Tudo o que é ideológico possui um significado e remete a algo situado fora de si mesmo. Em outros termos, tudo o que é ideológico é um signo. Sem signos não existe ideologia
(Mikhail Bakhtin, Marxismo e Filosofia de Linguagem)
Alguns comentários sobre o meio e a mensagem na internet.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Discurso Autoritário da Rede Globo




Na sexta-feira passada, assistíamos ao novo humorístico da Globo, O Dentista Mascarado. O programa tem como protagonista Marcelo Adnet, recém-contratado da emissora dos Marinho. Tenho certo apreço pelo rapaz. Já li algumas de suas entrevistas e gostei muito. Nunca soube que ele fosse adepto do humor fascista do CQC ou um reacionário como Rafinha Bastos. 

No episódio, o personagem de Adnet namorava uma mulher considerada feia. Até então, nada demais. A questão está na maneira que os redatores encontraram para caracterizar a feiura da personagem: “de tão feia, era uma mistura de Cristina Kirchner e Evo Morales”. A frase que reproduzo aqui foi repetida à exaustão durante todo o programa.


Engraçado? Divertido? Não. Patético!



Não é necessário ser um especialista em Comunicação para afirmar que ao longo de seus quase 50 anos a Globo soube usar com maestria seus humorísticos e toda a sua grade de programação para disseminar entre os telespectadores todo o seu direitismo e atacar de maneira insidiosa aqueles que caminham na contramão de seus interesses.



Elenco alguns exemplos recentes que deixam claras as (más) intenções da emissora carioca. Há poucos dias lá estava Ana Maria Braga no matinal Mais Você tentando nos empurrar goela abaixo o colar de tomates. Em 2011, foi a vez da Nenê, personagem de Marieta Severo na Grande Família usar a vassourinha, numa alusão ao fajuto movimento contra a corrupção. O Casseta e Planeta, saiu do ar de forma melancólica em 2012, mas o seu humor ultraconservador foi essencial às pretensões políticas da emissora, principalmente na época das eleições presidenciais.

Na sexta, os alvos foram Kirchner e Morales.



O Discurso autoritário da Rede Globo utiliza a função de linguagem apelativa ao tecer comparações antropomórficas pejorativas e de viés racista com personagens conhecidos da politica da A. Latina. A ideia é o desprestigio da imagem dos personagens reais em detrimento a um valor estético eurocêntrico estabelecido como sendo padrão de beleza inconteste pela emissora. Com quadros humorísticos onde o negro e o índio normalmente são tratados de forma caricata, como personagens de menor valor dentro do modelo de produção que a Globo está sempre divulgando e propagando, uma imposição de um conceito velado de valores estranhos aos países latino americanos onde a emissora habita e grande parte da população possuem traços afro e indígena  Esse tipo de humor busca satanizar através do apelo estético o que considera contra seus interesses, que é um controle maior dos meios de difusão que são concessão do estado, como ocorre nos países mencionados, através da mensagem subliminar racista de ridicularização dos seus governantes.

Goebels, o pai da propaganda nazista, já afirmava que uma mentira muitas vezes veiculada passa a ter valor de verdade. 

      

Nenhum comentário:

Postar um comentário