Um produto ideológico faz parte de uma realidade (natural ou social ) como todo o corpo físico, instrumento de produção ou produto de consumo; mas, ao contrário destes, ele também reflete e retrata uma realidade, que lhe é exterior. Tudo o que é ideológico possui um significado e remete a algo situado fora de si mesmo. Em outros termos, tudo o que é ideológico é um signo. Sem signos não existe ideologia
(Mikhail Bakhtin, Marxismo e Filosofia de Linguagem)
Alguns comentários sobre o meio e a mensagem na internet.

domingo, 19 de maio de 2013

Luiz Carlos Azenha põe o dedo na ferida - Uma Verdade que não quer calar


Devemos ficar espertos contra o assédio dos estrangeiros e seus cupinchas brasileiros que sob todos os argumentos estão loteando a coisa pública no Brasil para as grandes corporações mundiais. Não adianta por nossa ânsia de mudanças sociais importantes começarmos a chamar porcos de gansos. Porcos são sempre porcos independente das roupas e das cores que se vestem.






"Uma querida amiga disse num debate que o governo Dilma é refém da mídia ou sofre de síndrome de Estocolmo, a escolher. Discordei. 

Acho que existe uma diferença de fundo entre os governos Lula e Dilma. Lula, sindicalista, estava aberto a atender aqui ou ali aos movimentos sociais, que o apoiaram com firmeza num momento em que os projetos sociais como o Bolsa Família enfrentaram forte oposição da direita. 

Dilma sabe que seu futuro e o dos aliados depende de crescimento econômico. E claramente optou por despertar o "espírito animal" do capital privado, nacional e internacional. 

Depois da ascensão social do precariado, através do fortalecimento do mercado interno, temos agora a ocupação de vazios geográficos do Brasil, especialmente no Nordeste, mas também na Amazônia. 

Vi com meus próprios olhos, no caminho para Imperatriz, Maranhão, a expansão do agronegócio, nos mesmos moldes que se deu em outras regiões do Brasil: concentração de terras, transformação do pequeno agricultor em empregado e êxodo para as cidades; forte presença de empresas como a Monsanto e a Bunge, ou seja, do capital internacional que penetra no campo em associação com interesses locais. Nenhum sinal de reforma agrária. 

Isso tem relação com um fenômeno que escapa ao nosso controle: o capital financeiro hj especula intensamente com o valor das commodities, da soja ao minério de ferro, do petróleo ao milho. 

De tal forma que a tentativa de Hugo Chávez de interferir no preço internacional do petróleo rendeu a ele o papel de inimigo público número um da mídia internacional. 

Até intangíveis "créditos de carbono" foram inventados para especular. 

A especulação chega à posse da terra: é só olhar a compra ou o arrendamento de grandes extensões para a produção de alimentos na África, para atender ao imenso mercado asiático. 

A ideia de que o neoliberalismo sofreu um golpe fatal com a crise de 2008 é uma farsa: a concentração de riqueza se aprofunda, com a formação de um punhado de oligopólios controlando cada setor da economia em escala global. Nunca na História deste planeta tão poucos foram tão influentes na política através da compra de mandatos populares via financiamento de campanha. Tanto faz se de partido de direita ou esquerda, republicano ou democrata, petista ou tucano. 

Em vez destes mandatos moldarem o campo de jogo das grandes corporações, são elas que cada vez mais definem os limites aceitáveis da atuação política, especialmente em países nos quais o estado é historicamente frágil.

No Brasil, além da agregação de grandes áreas do Nordeste ao agronegócio, temos a continuidade do projeto dos militares para a Amazônia, que o Lúcio Flávio Pinto define como colonialismo interno: a produção de energia para uso pelas mineradoras se sobrepõe a qualquer outro objetivo estratégico do governo Dilma na região.

Olhem os nomes das empresas que compõem os consórcios de construção e quais serão os grandes consumidores e vocês vão entender o jogo.

O desmonte do Ibama e do Incra, pois, não é por acaso. O distanciamento e a má vontade com os movimentos sociais não reflete autismo ou incapacidade política de Dilma: é uma escolha.

Em resumo, o PT no Executivo federal adota um rumo que não ofende, pelo contrário, que agrada tanto ao Jorge Gerdau, conselheiro da presidenta, quanto aos sócios internacionais da Vale.

Considerando que estes estão entre os grandes anunciantes da nossa mídia, faz todo o sentido que a Dilma injete dinheiro na Globo, na Veja e na Folha.

Para além das reportagens raivosas ou pisadas no tomate, que refletem a preferência dessa mídia pelos tucanos -- que, inegavelmente, prestam melhores serviços -- há uma identidade nos objetivos macro. O governo Dilma não é refém da mídia, mas parceiro, e ninguém reflete melhor isso que o ministro Paulo Bernardo, que consegue agradar ao mesmo tempo ao capital nacional (Globo) e ao internacional (teles).

Acreditem: Bernardo é Dilma e Dilma é Bernardo. Ambos representam, gostem ou não, a "nova face" do PT."

Texto: Luiz Carlos Azenha

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